
Dados recentes da Agência Nacional de Mineração (ANM) revelam que 50 das 337 barragens de mineração em Minas Gerais estão atualmente classificadas em algum nível de alerta ou emergência. Entre as barragens monitoradas, destaca-se a Forquilha V, da mineradora Vale, localizada em Ouro Preto, a 96 km de Belo Horizonte, que foi colocada em nível de alerta na última segunda-feira (05) após a identificação de rachaduras em sua estrutura.
A ANM classifica as barragens em quatro categorias de risco:
• Alerta: 20 barragens
• Emergência 1: 23 barragens
• Emergência 2: 4 barragens
• Emergência 3: 3 barragens
O nível de Emergência 3 representa a situação mais crítica, indicando risco iminente de rompimento. O nível de alerta, recentemente adicionado às normas de monitoramento, é o estágio inicial, onde os primeiros sinais de problemas são identificados, exigindo atenção e possíveis intervenções.
O engenheiro civil Carlos Martinez, da Universidade Federal de Itajubá, compara a situação de uma barragem a de um paciente cardíaco que apresenta sintomas iniciais de problemas, destacando a necessidade de monitoramento constante e de ações preventivas. Segundo ele, a fiscalização de barragens no Brasil melhorou significativamente após os desastres em Mariana (2015) e Brumadinho (2019). Entre os avanços, ele destaca a maior clareza na responsabilização dos gestores das barragens e a introdução da figura do engenheiro de registro, que tem a função de monitorar e sugerir melhorias nas estruturas.
Por outro lado, Martinez critica a falta de obrigatoriedade de monitoramento remoto e eletrônico para todas as barragens e expressa preocupação com o futuro das barragens em processo de descaracterização, questionando quem será responsável pela manutenção dessas estruturas a longo prazo. Ele sugere a criação de um fundo, gerido pelo estado, para assegurar a preservação dessas barragens no futuro.
A barragem Forquilha V, que começou a ser construída em janeiro de 2017 e entrou em operação em março de 2021, armazena atualmente 2,6 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro. Em resposta às fissuras detectadas, a ANM exigiu da Vale a realização de limpeza, instalação de extensômetros para monitoramento, e a elaboração de um estudo para entender as causas das deformações na estrutura. A mineradora também foi obrigada a realizar inspeções diárias e enviar relatórios semanais detalhados sobre o comportamento das fissuras.
Apesar das fissuras, a Vale assegurou que a barragem não sofreu alterações em sua estabilidade e que mantém as Declarações de Condição de Estabilidade (DCE) e de Conformidade e Operacionalidade (DCO) vigentes. A empresa afirmou ainda que a barragem Forquilha V está sem operar desde 2023 e é monitorada 24 horas por dia pelo Centro de Monitoramento Geotécnico (CMG). A Vale garantiu que a barragem não influencia outras estruturas do complexo e que não há comunidades ou instalações operacionais na Zona de Autossalvamento (ZAS) da barragem.
Fonte: R7