
Ao contrário do que muitos acreditavam, o El Niño não causou a grande seca na Amazônia no ano passado, apenas agravou a situação. As mudanças climáticas decorrentes da ação humana foram a principal causa da estiagem devastadora, de acordo com um estudo da World Weather Attribution (WWA), organização de cientistas que estudam as causas dos eventos climáticos extremos.
Conforme os especialistas, a estiagem do ano passado começou antes do El Niño e fora de sua área de influência. O El Niño, portanto, teria apenas agravado o quadro. “O El Niño reduziu a quantidade de precipitação [chuva] na região aproximadamente na mesma quantidade que as mudanças climáticas; No entanto, a forte tendência de estiagem foi quase inteiramente devido ao aumento das temperaturas globais, de modo que a severidade da seca que está sendo experimentada atualmente é em grande parte impulsionada pelas mudanças climáticas”, diz uma das conclusões do estudo, em tradução do inglês pelo Brasil de Fato.
As mudanças climáticas aumentaram em 30 vezes a probabilidade da ocorrência de uma seca com a gravidade da registrada no ano passado. Com o planeta mais quente por causa da atividade industrial, uma estiagem com essas características deve ocorrer uma vez a cada 50 anos.
Além da seca na Amazônia, a ação humana sobre o clima também foi a principal causa da onda de calor que atingiu grande parte do Brasil em 2023, conforme um estudo da WWA publicado em outubro do ano passado.