Muito além da Lava Jato – por Carlos Santiago

Carlos Santiago é Sociólogo, analista político e advogado.

A Lava Jato corre o risco de terminar como as operações do mensalão, do caso da Sudene e da Sudam, do caso Carlinho Cachoeira, do Fórum Trabalhista de São Paulo, dos Anões do Orçamento, dos Laranjas do Partido do Bolsonaro e outros escândalos de corrupção que envolveram e envolvem empresários, membros do Judiciário, ministros de Estado e políticos do Congresso Nacional. Cassaram-se parlamentares, exoneraram ministros, prenderam magistrados, ex-governadores e um ex-presidente também foram presos. Mas o que melhorou de lá pra cá no sistema político brasileiro?


A operação Lava Jato sozinha não vai salvar o sistema político, se não acontecerem três grandes mudanças. A primeira, é reorganização partidária. A maioria dos partidos políticos no Brasil é formada por pequenos grupos de negocistas e grupos familiares cujo o único objetivo é fazer da política um grande negócio e perpetuar os estamentos no poder. Dos ministros do governo Temer, cinco eram filhos de políticos tradicionais, um exemplo clássico de como as famílias e pequenos grupos controlam os partidos.

Para mudar, tem que mudar os partidos: Eles têm que ter ideologia clara; têm que ser transparente no uso do dinheiro público; têm ser democrático com conteúdo programático e dar espaço para novas ideias e lideranças.

A segunda mudança afeta a relação entre o poder público e os interesses privados. No Brasil, a esfera pública sempre foi a extensão dos interesses privados. Às vezes os investimentos são feitos tão somente para agradar apenas as construtoras dos amigos e cúmplices, deixando de lado o interesse social de uma obra pública. Por isso, que órgãos ou Instituições de fiscalização, de investigações e de controle da gestão pública precisam de autonomia financeira e política.

Carlos Santiago é Sociólogo, analista político e advogado.

Por último, o eleitor tem que ter consciência de votar bem. O eleitor deve entender que ele, somente ele, é capaz, através de um voto ético e responsável, mudar a vida de uma cidade, de um país e de uma nação. Se existem políticos malfeitores nas casas legislativas e nos governos é porque eleitores os colocam lá. Então, cabe ao eleitor respeitar mais o voto e entender que não existem salvadores da pátria vestidos de verde e amarelo, ou com a camisa do Palmeiras ou do Corinthians.

Portanto, não acontecendo as mudanças necessárias, estaremos apenas encarcerando um Eduardo Cunha ou um Marcelo Odebrecht, ou exonerando um Gustavo Bebianno, deixando outros soltos, mantendo a reprodução de muitos pelo atual sistema político.

Carlos Santiago é Sociólogo, Analista Político e Advogado.

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