Mulheres de PMs bloqueiam 10 quartéis em RR contra atrasos salariais

Foto: Valéria Oliveira/G1 RR

Grevistas mantêm o prédio da Secretaria da Fazenda (Sefaz) de Roraima fechado e mulheres de militares continuam bloqueando quartéis da Polícia Militar – já são 10 em 7 das 15 cidades do estado – mesmo com anúncio de intervenção federal em Roraima. As manifestações são contra os quase dois meses de atraso salarial.


O presidente Michel Temer (MDB) anunciou intervenção federal integral em Roraima na sexta (7). O governador eleito Antonio Denarium será o interventor até 31 de dezembro e a governadora Suely Campos (PP) fica afastada.

O estado enfrenta colapso financeiro, com servidores sem salários desde outubro, crise na segurança e no sistema prisional com delegacias e quartéis da Polícia Militar fechados e paralisação de agentes penitenciários, além de tensão com a chegada em massa de venezuelanos.

Foto: Valéria Oliveira/G1 RR

Segundo as mulheres de militares, que começaram a fechar quartéis da PM no dia 28 de novembro, o protesto vai ser mantido até que os maridos recebam os salários de outubro e novembro. Elas não impedem o PMs de trabalhar, mas mantêm viaturas retidas nos pátios dos batalhões, o que afeta policiamento nas ruas e atendimento de ocorrências.

“Vamos manter nossos protestos nas cidades no interior até que os salários de outubro e o sejam depositados nas contas dos nossos esposos”, Jeane Lopes, mulher de PM que está à frente do movimento nas seis cidades do interior.

“Recebemos a notícia da intervenção com esperança, mas precisamos ver como vai ficar na prática”, afirmou Miliede da Costa, que participa dos protestos em Boa Vista.

Antônio Figueira, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Civis Efetivos do Poder Executivo de Roraima (Sintraima), disse que o bloqueio das três entradas do prédio da Sefaz é para garantir “a integridade de documentos importantes” e que o prédio só vai ser reaberto na presença do interventor.

“Vamos ficar aqui para nada ser retirado do prédio, porque ninguém sabe o que aconteceu na gestão que está se findando então poderiam alterar qualquer documento e interferir no trabalho do interventor”.
Em nota, o governo informou que Suely está em Brasília onde se reunirá com Temer para tratar sobre a questão da intervenção federal no estado.

Figueira relatou que nesta madrugada houve tentativas de invasão ao edifício e a Polícia Civil foi chamada para o local. “Um homem pulou o muro, mas não chegou a entrar e pessoas têm vindo aqui para nos intimidar, param carros, perguntam se vamos ficar. Tentaram também abrir um portão eletrônico, mas como estava trancado não funcionou”.

Na quinta (6), uma liminar proibiu que o protesto do Sintraima impedisse servidores de trabalhar, mas agora o sindicato alega que outros movimentos assumiram a manifestação.

“Aqui estão também mulheres de militares que cobram os salários dos maridos e integrantes do Sindicato dos Técnicos Agrícolas do Estado.
Não somos só nós e nem vigias, que estavam entrando no prédio até ontem, podem entrar. A Sefaz está fechada e vai continuar assim até a presença do interventor”.

Intervenção federal

O presidente Temer anunciou intervenção federal em Roraima até 31 de dezembro e neste sábado se reúne em Brasília para formalizar o decreto.

Como a intervenção é integral – e não parcial, como no Rio de Janeiro, onde atinge somente a área de segurança pública – a governadora será afastada.

O governador eleito que ainda será nomeado interventor já disse em entrevista que vai priorizar pagamentos de servidores, que foi solicitado um plano de recuperação fiscal do estado e que será feito um levantamento das dívidas do governo.

“O governo federal vai nos antecipar valores para que sejam quitadas as dívidas correntes com o funcionalismo publico e a prioridade vai ser pagar os salários atrasados”, declarou.

A intervenção, segundo Denarium, foi motivada pelo caos financeiro que o estado enfrenta, crise no sistema prisional, que já estava sob intervenção federal, na segurança pública, migração venezuelana e problemas na Saúde e Educação.

Protestos e paralisações

Servidores de todas as secretarias estaduais, com exceção da Saúde de Educação, estão sem receber há quase dois meses e em greve há 45 dias, paralisação que ganhou força com uma série de protestos nos últimos dias.

Há uma semana, agentes penitenciários deixaram de trabalhar e fecharam a Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejuc), que já era alvo de intervenção federal decretada em razão da crise no sistema prisional.

A paralisação dos agentes começou no último dia 30, depois de Guilherme Campos filho da governadora e outras 10 pessoas – incluindo o chefe da Casa Militar que foi filmado recebendo propina e um deputado eleito – serem presos pela Polícia Federal por desvios em contratos para alimentação dos presos.

Na semana seguinte, outra operação da PF descobriu um esquema de desvio na merenda escolar e o secretário adjunto do Gabinente Institucional também foi preso, causando ainda mais instabilidade no governo de Suely.

Também sem salários, policiais civis paralisaram por dois dias e apenas uma delegacia está funcionando em Boa Vista desde outubro. A alegação é que faltam materiais básicos de trabalho como papel e tinta para imprimir.

Proibidos de fazer greve, policias militares receberam apoio de suas mulheres que bloquearam quartéis em sete das 15 cidades do estado. Elas não impedem a saída dos policiais, mas mantêm retiradas as viaturas, o que afeta patrulhamentos e atendimento de ocorrências.
Frente às paralisações, a Justiça determinou o bloqueio na conta do governo de Roraima para pagar servidores da segurança, e o estado alega que não tem recursos para pagar os salários de novembro e dezembro, além da segunda parcela do 13º.

Fonte: G1

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