Nova rota marítima direta entre China e Brasil fortalece comércio no Norte e Nordeste

Nova rota marítima direta entre China e Brasil - Foto/Freepik

Chamado Canal Dourado, a conexão entre o Porto de Gaolan, na China, e os portos de Santana (AP) e Salvador (BA) vão reduzir tempo de transporte e baratear custos


A nova rota marítima direta entre a China e o Brasil começou a operar oficialmente nesta semana, estabelecendo uma conexão inédita entre o Porto de Gaolan, na cidade de Zhuhai, e os portos brasileiros de Santana (AP) e Salvador (BA). A iniciativa representa um avanço significativo nas relações comerciais entre os dois países, com impactos logísticos, econômicos e geopolíticos, especialmente para as regiões Norte e Nordeste do Brasil. Além disso, reforça a posição do país como parceiro estratégico da China.

Fruto de acordos bilaterais firmados entre os governos brasileiro e chinês, a nova rota simboliza um momento de cooperação econômica e tecnológica. A conexão direta entre o Brasil e a Ásia ampliará o acesso a mercados emergentes da América do Sul, fortalecendo o papel dos portos brasileiros na logística global. O novo corredor marítimo atende diretamente zonas estratégicas de produção agrícola e mineral, consolidando os portos de Santana e Salvador como hubs para o escoamento de produtos como soja, minério de ferro, carne bovina e celulose, além de facilitar a importação de insumos industriais e tecnológicos vindos da Ásia.

Segundo o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, a nova rota não apenas amplia a presença dos portos brasileiros no cenário internacional, mas também contribui para uma logística mais eficiente, sustentável e integrada. “Queremos que essa integração se traduza em desenvolvimento para os estados do Norte e do Nordeste, seguindo a agenda sustentável e proporcionando ganhos sociais, econômicos e logísticos para todo o país”, destacou o ministro.

O secretário Nacional de Portos, Alex Ávila, reforçou que “a nova rota fortalece a logística verde brasileira ao reduzir as emissões, conectando o Brasil ao mundo com mais eficiência e responsabilidade ambiental”.

Impacto Logístico e Regional

Entre janeiro e março de 2025, a Bahia exportou aproximadamente US$ 1,2 bilhão para a China e importou US$ 800 milhões em produtos chineses. Com a nova linha direta, a expectativa é de aumento no fluxo comercial, geração de empregos e atração de investimentos em setores como energia renovável, logística e tecnologia.

Para Antonio Gobbo, diretor-presidente da Autoridade Portuária da Bahia (Codeba), a abertura dessa nova ligação direta estabelece uma rota comercial estratégica com o sul da China e Hong Kong. “Essa rota vai economizar tempo de viagem, reduzir os valores de frete praticados e complementar a rota regular Bahia-Ásia já existente, que atualmente opera com navios de 366 metros. Isso demonstra o empenho alinhado às diretrizes do Ministério de Portos e Aeroportos (MPor)”, destacou Gobbo.

Avanços

O Porto de Salvador possui capacidade para receber navios de até 150 mil toneladas de porte bruto, operando com alta eficiência nas operações de carga e descarga. Já o Porto de Gaolan, na China, é o único de águas profundas na região e movimenta até 160 milhões de toneladas por ano.

Outro porto brasileiro beneficiado pela ampliação das rotas com a China é o Porto do Pecém, no Ceará. O terminal passou a integrar o Serviço Santana, operado pela MSC e APM Terminals, reduzindo o tempo de viagem da China para o Ceará para cerca de 30 dias. A expectativa é de que a movimentação aumente em até 10%, com destaque para o comércio de frutas, castanhas, granito e equipamentos industriais.

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