Novo reajuste do diesel vai impactar toda a economia

Foto: Reuters

Aumento do diesel vai impactar no preço dos alimentos, transporte público e fretes


O aumento médio de 8,87% sobre o preço do diesel, anunciado pela Petrobras ontem e válido a partir de hoje, vai elevar os custos do frete e pode comprometer o transporte público de passageiros. O reajuste vai aumentar em média R$ 0,45 o preço do litro do diesel nos postos e, segundo representantes do setor, as empresas de transporte não conseguem absorver mais este novo aumento. Com o novo reajuste, o diesel já acumula no ano alta de 47% nas refinarias da Petrobras.

De acordo com o presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas e Logística de Minas Gerais (Setcemg), Gladstone Viana Diniz Lobato, o reajuste do valor compromete ainda mais o setor. Somente o diesel responde por cerca de 35% a 40% dos custos das empresas de transporte. Com o aumento médio de 8,87% a tendência é que as empresas reajustem o valor do frete, o que vai impactar em diversos setores e nos custos para a população.

“As empresas de transportes de cargas e logística têm que repassar este aumento. Infelizmente, não temos como segurar determinados custos que não temos domínio sobre eles, como o diesel. Este aumento de 8,87% vai elevar em R$ 0,44 a R$ 0,45 o valor do combustível. A gente sabe que o combustível é uma commodity que está cara no mundo inteiro e o transportador que deixar de repassar, está com os dias contados”, explicou.

Ainda segundo Lobato, maio é o mês de dissídio coletivo do setor, o que aliado ao aumento dos custos com combustível vai impactar fortemente nas empresas. “Maio é um mês complicado para o setor que já tem o custo com o dissídio. A mão de obra é o segundo maior custo do setor, atrás apenas do combustível e respondendo de 25% a 28%, dependendo do segmento. Estes aumentos vão causar um impacto muito relevante e muito alto”.

Lobato ainda ressalta que o Brasil é “transportado” em cima de diesel e, por isso, o combustível influencia no transporte geral e no preço final dos produtos. “O aumento do preço do diesel repercute na vida de todo cidadão”.

Uma das principais empresas de transporte de cargas de Minas Gerais, a Patrus Transportes, vai reajustar os preços do frete, medida que é considerada imprescindível para a manutenção da viabilidade dos negócios.

“Em décadas de atuação nesse segmento nunca vivenciamos uma situação de tamanha volatilidade e instabilidade no preço dos combustíveis. Um cenário que fragiliza de sobremaneira a operação. Os reajustes tornam-se imprescindíveis para a manutenção da viabilidade dos negócios. O combustível é um dos itens na composição do preço da nossa operação. Não é o único. Vamos fazer um reajuste que não inviabilize o negócio. Não fazemos uma transferência automática. O impacto no setor é generalizado, trazendo uma imprevisibilidade imensa para o nosso segmento”, explicou, em nota, o CEO da Patrus Transportes, Marcelo Patrus.

Passageiros

As empresas do setor de transporte de passageiros também serão afetadas com o valor mais alto do diesel. O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (SetraBH) mantém o mesmo posicionamento da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) e replicou nota da entidade.

No documento, o presidente da NTU, Francisco Christovam, afirma que “se não forem definidas fontes para cobrir esses custos adicionais, as operadoras serão obrigadas a racionar o combustível e oferecer apenas viagens nos horários de pico pela manhã e à tarde. No resto do tempo, os ônibus terão que ficar parados nas garagens. As empresas não querem praticar uma operação seletiva, atendendo apenas linhas e horários de maior demanda, mas serão obrigadas a adotar essa medida radical porque não suportam mais os sucessivos aumentos de custo e os prejuízos. A consequência desse aumento será a piora da qualidade do transporte”.

Os aumentos constantes do diesel preocupam o setor. O combustível é o segundo item de custo que mais pesa no valor da tarifa dos ônibus urbanos, depois da mão de obra, com uma participação média de 30,2% no custo geral das operadoras do transporte público.

Para o presidente da NTU, diante dos aumentos, a solução seria a adoção de mecanismos para a estabilização dos preços dos combustíveis, que vão da reformulação da estrutura tributária incidente sobre o diesel à adoção de políticas de preços especiais para setores essenciais como o de transporte público.

“O consumo de diesel do transporte público por ônibus nas cidades e regiões metropolitanas é de apenas 5% a 6% do total do consumo nacional, ter uma política diferenciada para esse segmento não impactaria significativamente a política de preços dos combustíveis”, explicou Christovam na nota.

Diário do Comércio
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