
O número de mortes de indígenas por covid-19 é maior que o informado pelo Ministério da Saúde. A afirmação é da Articulação de Povos Indígenas do Brasil (Apib).
De acordo com a entidade, a diferença entre os registros é de 560 casos, sendo 120 mortes a mais. Até a última quinta-feira (23), o número de indígenas confirmados com o novo coronavírus, segundo o Ministério da Saúde, é de 2.450, com 63 mortos. Já para a Apib, os dados são maiores: 3.010 casos confirmados e 183 mortos.
Com os dados, observa-se que o Ministério da Saúde registra apenas casos e mortes de indígenas que vivem em aldeias, enquanto a associação registra casos de pessoas que são declaradas como indígenas, que vivem tanto em aldeias, quanto em cidades do Amazonas.
Conforme o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), a invasão das terras indígenas contribuiu para o aumento de casos de coronavírus nas aldeias. Isso acontece porque há precariedade na proteção e fiscalização dos territórios com relação ao avanço de invasores, como pescadores, garimpeiros, madeireiros e grileiros de terra que entram nas regiões indígenas.
O aumento de casos de covid-19 é um problema para as lideranças indígenas. Elas já se manifestaram para cobrar que autoridades com reforço de ações de combate ao coronavírus. No último dia 5, líderes das etnias Kanamari e Mayoruna enviaram ofício ao Ministério Público Federal do Amazonas (MPF-AM) para pedir que o órgão apure as causas da proliferação do vírus nas aldeias do interior do Estado.