O bom jornalismo morreu? – por Carlos Monforte 

Carlos Monforte é jornalista, trabalhou em jornais como A Tribuna, O Estado de S. Paulo e O Globo - Foto: Divulgação

Ética jornalística em tempos de redes sociais é tema central da obra de uma das grandes figuras do jornalismo brasileiro


Um dos primeiros âncoras do telejornalismo brasileiro, Carlos Monforte começou a carreira na década de 1970, quando atuou em jornais como A Tribuna, O Estado de S. Paulo e O Globo. Ele viu o surgimento e a expansão das mídias digitais, que agora colocam em cheque o exercício da profissão.

Em O Papel do Jornalismo Sem Papel, lançado pela Matrix Editora, Monforte levanta o debate sobre o impacto da internet nas redações. Afinal, somente em 2021, o declínio no número de jornais impressos foi de 13,6%, confirmando a tendência de queda registrada há anos nas tiragens dos principais periódicos brasileiros.

Monforte viveu um período marcante das redações de jornais impressos brasileiros. No livro, ele descreve com riqueza de detalhes e toques de nostalgia a agitação dos repórteres na busca incessante por informações, o cheiro de tinta que saía direto das máquinas de escrever e os sons de passos apressados, telefonemas e conversas que tomavam conta do ambiente.

O principal debate levantado na obra é a relação entre a internet e a veracidade das informações que circulam a todo momento. As inovações digitais garantiram que as notícias rápidas ganhassem mais a atenção do público, mas também passassem a ser questionadas. Para o autor, a busca pela credibilidade é o único caminho para combater fake news e distorção de fatos.

Haverá cada vez mais a interação dos indivíduos interferindo nessas formas de comunicação, no tráfego dessas informações. Cada um tem sua visão de mundo, não necessariamente a visão com
a qual todos concordam, e é preciso saber escolher em quem acreditar.

 (O papel do jornalismo sem papel, pg. 192)

Apesar de concordar que os veículos impressos fatalmente deixarão de circular, Monforte acredita que o jornalismo seguirá essencial para a defesa da democracia. Neste sentido, o autor defende o potencial de renovação do profissional para se manter como personagem essencial no debate e disseminação dos temas de interesse público.

Carlos Monforte é jornalista, trabalhou em jornais como A Tribuna, O Estado de S. Paulo e O Globo. Foi um dos primeiros âncoras da televisão brasileira e participou da história de diversos programas jornalísticos, entre eles, Jornal Nacional, Bom Dia Brasil, Fantástico e Jornal da Globo.

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