O clamor pela justiça – por Flávio Lauria

Flávio Lauria é Administrador de Empresas e Professor Universitário

Não há neste país, excetuando-se o próprio Prefeito de Borba e alguns de seus familiares e puxa-sacos, quem não clame pela justiça e ache que a prisão do prefeito foi merecida e que deveria ser mantida.


A prisão de Simão que seria usada como mais um exemplo positivo de mudança, foi então usada para confirmar a cultura e a sensação de impunidade dominante, foi pedagógica.

O fato que baseou a decretação da prisão de Peixoto ocorreu em novembro do ano passado, segundo o desembargador Anselmo Chíxaro. Na ocasião, o político simulou o espancamento de uma vereadora diante de um grupo de moradores do município.

Os crimes perpetrados pelo meliante travestido de político fora a misoginia são as graves denúncias de envolvimento em desvio de recursos e outras irregularidades – como o famoso UFC contra quem o desafia. A arrogância, a bravata, a mentira, a impunidade, tudo que de pior incentiva a guerra social voltou a predominar depois das poucas horas que separaram a prisão do prefeito na semana passada. A ordem de soltura não foi concedida pelo STJ, tornando-se assim repito, pedagógica. Não se trata de aprovação à sua trajetória política, mas de demonstração de que conseguiu manter desinformada a maioria da população de Borba. Para alcançar tanto sucesso nesta empreitada, Simão adotou o paternalismo e sufoca todas as tentativas de avanço social do povo de Borba.

Com a manutenção da prisão, a crença de que no Brasil as ações da Justiça continuam regidas pela política dos três pês, de pobre, preto e prostituta (no seu sinônimo mais pejorativo), não é verdadeira. A tradição nacional de que só quem se enquadra num destes perfis acabará preso e condenado torna-se cada vez mais fraca, e não se tem notícia de nenhuma iniciativa destinada a contestar a sabedoria popular. Os fatos vêm demonstrando que há limites para a impunidade, pois essa condenação levou para a cadeia o que se acha superior, principalmente quando se trata de mulheres.

 

Artigo anteriorCentral pede fiscalização nos ‘medidores aéreos feitos só para os bairros pobres’
Próximo artigoBoate cancela show de MC Pipokinha e dá ingresso para professores

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui