
Na esteira da Lava Jato, a Petrobrás fechou três fábricas de insumos desde 2016 e aumentou dependência brasileira de importações do produto.
A ministra da Agricultura, Tereza Cristina (União Brasil), afirmou nesta quarta-feira (2) que o Brasil tomou uma decisão equivocada ao paralisar a produção nacional de fertilizantes usados em lavouras. Para ela, a autossuficiência no insumo é uma questão de segurança alimentar e até de segurança nacional.
Dependente da Rússia, Brasil teve construção de fábrica de fertilizantes interrompida pela Lava Jato de Moro.
“Por que tomamos lá no passado a decisão equivocada de não produzir fertilizantes?”, disse ela, em entrevista coletiva. “No passado, a decisão era de importar pois era mais barato. Mas o Brasil precisa tratar esse assunto como segurança nacional e segurança alimentar.”
Fertilizantes
Dados da Associação Nacional para Difusão de Adubos (ANDA) tabulados pela consultoria StoneX indicavam que, ainda em 2020, cerca de 84% dos fertilizantes usados por agricultores brasileiros já eram importados. Esse percentual de importação é o maior já registrado em mais de 20 anos – e deve aumentar.
Estimativas da StoneX apontam que, em 2021, 85% de todo fertilizante consumido no Brasil foi importado. A Rússia, que entrou em guerra contra a Ucrânia há uma semana, é o maior fornecedor de fertilizante para o país.
O fechamento de três fábricas de fertilizantes da Petrobras durante os governos de Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL) aumentou a dependência do Brasil em relação aos adubos vindos do país presidido por Vladimir Putin.
Outros unidades fechadas
De 2016 para cá, a Petrobras também fechou a Fábrica de Fertilizantes Nitrogenadas do Paraná (Fafen-PR), em Araucária. O fechamento ocorreu em fevereiro de 2020, já durante o governo Bolsonaro. A desativação da fábrica, que havia sido comprada em 2013, causou a demissão de cerca de mil trabalhadores.
Também durante este governo, a Petrobras vendeu a Unidade de Fertilizantes Nitrogenados (UFN3), em Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, para o grupo empresarial russo Acron. A planta estava em fase de construção. O anúncio da venda foi feito pela própria ministra Tereza Cristina, em fevereiro deste ano.
Brasil de Fato