O futuro do Amazonas está na floresta(Por George Dantas)

Ambientalista George Dantas(AM)

O Estado do Amazonas enfrenta há alguns anos um redução brutal na arrecadação de tributos, em função da retração econômica que assola o Brasil, sendo que aproximadamente 90% de tudo que o Estado arrecada se concentra em Manaus em função das empresas instaladas no Polo Industrial de Manaus.


A matriz econômica do Amazonas está ancorada na geração de emprego e tributos advindos da produção de bens e serviços inexistindo outra fonte de receitas de tamanha monta que possa suportar o Estado em tempos de crise.

Historicamente, o Amazonas vive de ciclos de boom econômico, foi assim nos tempos áureos da borracha, onde o Estado chegou a responder por 50% da balança comercial do Brasil com a exportação da hevea brasiliense entre o final do século XVIII até começo do século XIX, depois, em tempos mais modernos, veio a Zona Franca de Manaus na época da ditadura militar, e mais recentemente vieram o Terceiro Ciclo e a Zona Franca Verde, essas duas últimas se revelaram um completo desastre logo após findarem os respectivos governos idealizadores das ações que no longo prazo não se consolidaram com reais alternativas econômicas que pudessem se transformar em novos vetores de transformação da sociedade.

Esses ciclos jamais darão certos enquanto não forem construídos de dentro para fora, acontece que na maioria das vezes, alguns iluminados de gabinetes, definem um projeto sem uma base sólida de conhecimento das especificidades de cada microrregião dentro de uma macrorregião, ou seja, uma solução pensada para o Alto Solimões jamais terá a mesma influencia no Baixo Amazonas.

Não faz parte  do ideário governista o processo de planejamento a longo prazo estabelecendo metas de desenvolvimento sustentável, o horizonte do governante contempla apenas os primeiros quatro anos de governo, ou no máximo, o segundo mandato de mais quatro anos e sob a ótica politica o que trás votos são obras.

Na semana passada, o Governo do Amazonas promoveu um encontro com ONG´s e Lideranças ambientais no “Fórum Matriz Econômica Ambiental” cujo propósito seria a discussão de um novo modelo de desenvolvimento sustentável, cujo objetivo básico seria a construção de uma politica de desenvolvimento para o interior e elaborar politicas públicas que garantam a proteção da cobertura vegetal da floresta mais conservada do planeta.

Segmentos que possam agregar valor a piscicultura, fruticultura além de biocosmeticos e fármacos seguem como reais alternativas, mas carecem de tecnologia e inovação para que se possam gerar bens de mercados que possam gerar emprego e renda para uma grande parcela da sociedade amazonense.

Claro que o uso sustentável dos recursos naturais é possível e necessário no futuro, mas deve exigir dos governos programas de proteção ao bioma Floresta Amazônica e hoje, por exemplo, não há garantias que as politicas de combate ao desmatamento possa ser eficaz, enquanto isso, a sociedade exige a liberação da BR-319 sem as garantias mínimas para que a licença seja concedida, assim, dessa forma, o fenômeno do desmatamento espinha de peixe que aconteceu na BR-163 (Santarém-Cuiabá) certamente irá se repetir na BR-319.

Polos de produção ancorados nas vocações regionais podem se transformar em matrizes econômicas se os processos de construção
Em resumo, a parte boa da iniciativa, é a disposição do governo em discutir com a sociedade,  alternativas de uso sustentável dos recursos naturais como matriz econômica, porém por outro lado, a ciência e a academia, reportam os riscos da empreitada, caso as politicas de proteção ambiental  não esteja bem definidas.

Restou comprovado que o Amazonas não pode mais depender 100% do Polo Industrial de Manaus, portanto a construção de políticas de longo prazo considerando o aproveitamento dos recursos naturais deve ser vista como o futuro da região, trazendo a expectativa em gerar empregos na zona rural interiorizando o desenvolvimento.( George Dantas – Ambientalista)

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