A cena é insólita, porém faz parte da realidade manauara: no Terminal 1, na Constantino Nery, passageiros esperam o ônibus da linha 202, há mais de 20 minutos. De repente, lá vem o veículo, com os faróis apagados. Parado no ponto, a cobradora explica que o ônibus deverá ficar ali por mais dez minutos estacionado. É uma determinação do coordenador da empresa e ela e o motorista não podem dizer não.
“Foi dito para nós não pegar nenhum passageiro até o T1, esperar dar 20h30 e aí sim, voltar para a linha normalmente”, explicou a cobradora, não identificada aqui para não sofrer retaliação.
Momentos depois, o fiscal do Serviço Municipal de Transportes Urbanos (SMTU) conversa com a cobradora, perguntando onde está o motorista, que por ter feito uma corrida demorada por causa do tráfego engarrafado do horário, não teve tempo de jantar e tinha ido atrás de algo para comer, aproveitando o tempo que deveria ficar parado sob ordem da empresa.
Passados cinco minutos, o motorista volta e recebe a ordem do fiscal do SMTU para seguir viagem. Neste intervalo, o cobrador já tinha recebido a ordem de abrir a porta e deixar os passageiros entrarem no veículo.
A história acima serve para mostrar o disparate no gerenciamento do Sistema de Transportes Coletivos implantado pela prefeitura de Manaus, onde, as empresas são obrigadas a instalarem sistema de navegação para informar o posicionamento e estimativa de duração de cada viagem.
Isso seria perfeito se, paralelo a isso, fossem instaladas também paradas inteligentes, com terminais de acesso onde os usuários pudessem consultar onde está o ônibus e a previsão de chegada aquele ponto.
A ideia é perfeita e funciona em vários locais do mundo. Mas está fadada ao fracasso em Manaus, pois não há sequer ônibus suficiente para atender a população. E, enquanto tiver um transporte público ineficiente, mais pessoas comprarão carros e tornarão o já insuportável trânsito de Manaus mais caótico ainda.