O réu confessa a entrevistadores anestesiados pelo absurdo – por Gleice Oliveira

Bolsonaro dá entrevista a Josias e Carla - foto: recorte

O PECADO ORIGINAL QUE GERA OUTROS PECADOS – Fernando Castilho – 15.05.2025.


Seu Jair foi convidado — ou, vá lá, se auto intimou — para uma entrevista no UOL/Folha.

Eu poderia encerrar por aqui. Afinal, quando um sujeito já virou réu, responde por tentativa de golpe de Estado e não há mais dúvida alguma de que pretendia instalar uma ditadura sanguinária no Brasil — vide o folclórico “PLANO PUNHAL VERDE-AMARELO” — fica a pergunta: entrevista pra quê? Pra saber qual seria o uniforme da guarda pessoal do ditador?

Mas entrevistaram. Porque, claro, sempre há espaço para ouvir o “outro lado”, mesmo quando o outro lado é um ditador.

Litigância de má-fé

Na entrevista, como de costume, seu Jair foi ele mesmo: transparente como um tanque de guerra. Admitiu, sem rodeios, que articulou a tentativa de golpe. Relembrou que o PL do Valdemar Costa Neto — aquela fina flor da moralidade — entrou com recurso no TSE querendo anular urnas que, vejam só, tinham votos demais para Lula.

Mas SÓ OS VOTOS PARA PRESIDENTE, hein? Os para governador e deputado, que elegeram uma penca de aliados bolsonaristas? ESSES ESTAVAM FUNCIONANDO PERFEITAMENTE, SEGUNDO A ENGENHARIA ELETRÔNICA SELETIVA do Jair.

O TSE, com Moraes à frente, recusou o pedido esdrúxulo e ainda aplicou uma multinha singela de R$ 22 milhões ao PL, por litigância de má-fé. Foi aí que seu Jair, “inconformado”, resolveu bater na porta das Forças Armadas. Procurava, imaginem só, uma “solução”. PAUSA DRAMÁTICA.

Nesse exato momento, Josias de Souza, um dos entrevistadores, poderia — aliás, deveria — ter gritado “PARA!”. “O senhor acaba de confessar uma tentativa de golpe de Estado!”, teria sido uma reação minimamente proporcional. Mas não. Silêncio sepulcral. Josias, talvez anestesiado pelo absurdo, deixou o homem seguir.

E seguir ele seguiu. Contou, com a mesma tranquilidade de quem comenta a previsão do tempo, que A TAL “SOLUÇÃO” ERA DECRETAR ESTADO DE DEFESA E, POR QUE NÃO?, ESTADO DE SÍTIO.
PA-RA!

Estado de Sítio porque o cidadão não gostou do resultado da eleição? É disso que estamos falando. Isso tem nome: TRAMA GOLPISTA. Mas Josias de Souza, mais uma vez, reagiu como se estivesse ouvindo a receita do brigadeiro.

Felizmente, o STF não tem vocação para ombudsman passivo. Pode muito bem usar a gravação da entrevista como prova — com legenda, se necessário — e ajudar seu Jair a encontrar o caminho do xilindró.

Foram muitos pecados cometidos nessa entrevista. O primeiro e mais grave: DAR PALCO A UM GENOCIDA CONFESSO, que sonhava não só em ASSASSINAR Lula, Alckmin e Moraes, mas de qualquer um que ousasse atravessar seu delírio autoritário. Os demais pecados vieram em cascata: ouvir tudo aquilo com a fleuma de um garçom anotando pedidos e não jogar, ali mesmo, na cara dele que acabara de CONFESSAR CRIME CONTRA A DEMOCRACIA.

Mas a imprensa é essa aí: DIZ-SE NEUTRA, MAS A CADA DOIS ANOS ARRUMA UM AMOR NOVO NAS URNAS. Para 2026, já se sabe — o queridinho da vez é Tarcísio de Freitas. Só que, como todo bom plano político, não custa manter o mito de pé, na reserva, bem conservado no formol, pronto para voltar à cena como plano B.

Afinal, vai que cola. Já colou antes.

Jornalista Gleice Oliveira – foto perfil/recorte

Oliveira Gleice, Gleice Oliveira-Oficial

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Confisão do Seu Jair:

 

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