O soberano Amazonas – por Antônio Albuquerque

Quando menino morava no sertão cearense, uma região muito seca e lembro-me de uma grande estiagem quando levávamos o gado a um barreiro para beber água a algumas léguas da casa onde morávamos. Era tudo que tínhamos para oferecer ao gado que restava, era também o que dispúnhamos para o consumo em casa.


Lembro-me do meu pai com os olhos marejados afirmando que o Amazonas era a terra mais rica do mundo em água e minérios, culpava seu avô por não ter vindo para o Amazonas, quando migrou para o Brasil, preferindo Pernambuco onde moravam alguns parentes, também judeus.

Cresci ouvindo falar que o Amazonas é uma reserva para o Brasil, onde se encontra uma riqueza imensurável. Até 1999 quando morreu, meu pai falava do Amazonas como um lugar próspero e de grande futuro, podendo até se transformar numa poderosa nação, se assim quisessem seus habitantes, hoje, refletindo suas palavras vejo que ele tinha uma extraordinária visão do futuro.

Passaram-se cinquenta anos e vejo alguns maus brasileiros preparando o Amazonas para entregá-lo para as grandes potências mundiais. Esse entregar significa; travar seu desenvolvimento social, cultural, científico e tecnológico, isolar o território do Amazonas por comunicação, logística e cultura, isso é apenas parte de um projeto criminoso, cujo objetivo é o acolhimento daqueles que não têm mais aonde viver divididos por guerras e outras desgraças que assolam o planeta, infortúnios causados por eles mesmos, induzidos pelo poder e ganância de dominar os mais fracos, e o enriquecimento ilícito de poderosos grupos que manipulam a política no Brasil.

Se esse pensamento se materializar, todos que foram partícipes em desmandos da coisa pública brasileira ou se omitiram, responderão pelas consequências abissalmente desastrosas, cabendo às autoridades futuras julgar seus atos de traição à pátria com o rigor da Lei.

Meu pai havia participado da coluna Prestes, e junto a alguns militares e civis amantes do Brasil, coisa rara nos dias atuais, conheceu a realidades desse continente verde que é a Amazônia. Ele afirmava que o Amazonas não precisa de tutor para existir por ser uma região que têm tudo que uma nação precisa para ser nação.

Eu tinha um sonho; conhecer o Amazonas. Era um projeto que guardava só para mim por achar que seria uma conquista muito difícil. Realizei o sonho e quando aqui cheguei procurei me integrar à região conhecendo sua cultura, fauna e flora, confirmando, assim, o pensamento do meu pai, e hoje como observador eu acompanho o desenvolvimento da região em seus principais segmentos, principalmente no Amazonas, lugar que escolhi para viver e amar.

O Amazonas tem uma incalculável riqueza, em minérios, inclusive minérios estratégicos, o nióbio, que falam da sua retirada do país ilegalmente da sua maior reserva em Roraima, tem gás e petróleo, a maior reserva de água do mundo e a maior biodiversidade do planeta. Então, o Amazonas fazendo parte da República Federativa do Brasil merece, e tem por direito promover seu desenvolvimento, e ninguém pode impedir seu progresso.

No meu entendimento o Amazonas teve quatro grandes conquistas; A extração do látex, a Zona Franca de Manaus, o aeroporto Eduardo Gomes e o Comando Militar da Amazônia, onde três delas foram concedidas pelo regime militar. Se os inimigos da pátria não tivessem abandonado a transamazônica, a BR 319, trabalho inicial do regime militar e mal administrado por alguns políticos carentes de moral e ética, o Amazonas estaria numa situação privilegiada no contexto nacional. Tenho notícias que quando um investidor se dispõe a realizar um projeto industrial no Amazonas é inibido por interesses do sul e sudeste do país, ficando para o Amazonas apenas as sobras. E aí, esses mesmos grupos contrários ao Amazonas falam na preservação da floresta. Falam da devastação da floresta e eles mesmos a queimam no sul do Amazonas, fazendo campo para a cria de grandes rebanhos.

Porque não é o nosso caboclo que destrói a flora e a fauna, ele apenas faz um roçado para plantar mandioca e caça um tatu para saciar a fome. Temos todas as riquezas já citadas, mas para muitos que moram no Amazonas não têm acesso às riquezas que o outro Brasil dispõe para seus habitantes, pois falta escola, comunicação, logística, portos, estradas, aeroportos e muito mais. Então, temos tudo que uma nação precisa possuir para ter um grande desenvolvimento; Por que não podemos ser uma grande nação? Por que não acordamos? Porque não deixamos o Brasil rico seguir seu caminho em paz? Porque não seguimos nossa própria direção dividindo a riqueza desse continente verde, com o índio, o ribeirinho e todos nós, caboclos da Amazônia? Precisamos pensar.

Pensar bem, penetrando fundo na nossa consciência, examinando bem direitinho se a solução é permanecermos de cabeça baixa tais ovelhas de rebanho.

*Antônio Albuquerque é escritor e filósofo

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