O verde e a Internet das Coisas – por André Carvalho

Foto: Reprodução

O que esperar das iniciativas do Proconve 8 e dos caminhões conectados a partir de 2023


Independentemente das mudanças recentes enfrentadas pela indústria automotiva como resultado do impacto da pandemia do Covid-19, as principais tendências do setor de Transportes no Brasil estão ligadas diretamente à legislação para fins de redução e controle de emissões. E os caminhões movidos a Diesel têm participação direta nas questões ambientais.

Diante deste cenário, temos a iniciativa brasileira de grande relevância para atuar com a descarbonização a partir de 2023. Trata-se do compromisso de implantação do Programa de Controle da Poluição de Ar por Veículos Automotores, denominado Proconve P8, que equivale ao Euro VI. O programa incentiva o uso de tecnologias de ponta para modernização dos motores e contribui para as questões ambientais de descarbonização do transporte, assumido pelo Brasil em 2015, no Acordo de Paris. Ele estabelece os limites máximos de emissão de poluentes para atendimento ao Ciclo de Comprovação das Emissões durante a Vida Útil do Veículo (In-Service Conformity – ISC).

O meio ambiente e o Transporte caminham juntos

Estamos diante de uma combinação de diversas possibilidades e desafios de como equalizar o necessário e contribuir para uma qualidade de vida melhor.

O motivo pelo qual estamos falando de redução e controle de emissões envolve, em primeiro lugar, o que representa o papel das empresas de transportes e a cadeia automotiva no Brasil, presentes nos modais de cargas e passageiros. A tecnologia e conectividade contribui diretamente na busca de promover novas alternativas para o desenvolvimento do transporte e para o meio ambiente.

Principalmente quando falamos de um intervalo, um “Gap”, de tecnologia e inovação no setor público para transportes, identificamos diversas iniciativas de como podemos contribuir no âmbito da indústria privada e telecomunicações a fim de trazer a internet e conectividade para as estradas.

Recentemente, o leilão do 5G abordou alguns aspectos interessantes sobre o tema da comunicação e como uma rodovia digitalizada permite o avanço e acesso mais rápido da Internet das Coisas aos usuários das rodovias.

Essa iniciativa, associada aos veículos menos poluentes, estão diretamente ligadas ao futuro.  As agências reguladoras têm por objetivo apresentar inovação, incentivar e promover o desenvolvimento econômico. Papel fundamental para todo o Ecossistema.

Tendências e tecnologia embarcada

A indústria automotiva tem se movido no sentido de atuar em três pilares de transformação: Eletrificação, Veículos Autônomos e Digitalização.

Hoje, temos uma forte tendência europeia em termos de tecnologia embarcada nos caminhões fabricados e comercializados no Brasil. As montadoras de veículos comerciais têm se preparado para a atender a legislação vigente.

Algumas das novas tecnologias que estamos falando já são realidade e estão presente nos caminhões, assim como tecnologias entrantes no mercado advindas da motorização prevista para atender o Proconve 8, que permitem trabalhar em um cenário futuro no qual requer o entendimento dos seus pilares estratégicos em termos de modais e possibilidades de eficiência. Dentre as principais funcionalidades temos, por exemplo, o sistema de diagnóstico de bordo (OBD), tabela de código de falhas do sistema OBD relacionadas à emissão de poluentes, leitura dos registros, histórico de reparos e falhas, características e funcionalidades que atendem aos requisitos das regulamentações.

O primeiro passo para a descarbonização é a economia no consumo de combustível. Fator que está presente na planilha de custos do transportador e figura como uma das principais despesas, ou em muitos casos, como a maior delas no dia a dia da operação de transportes.

No Brasil, temos diversas tecnologias que contribuem para a gestão de eficiência energética e redução de consumo de combustível dos caminhões e ônibus. Estão presentes em alguns modelos de veículos comerciais no país. E ainda, temos diversos prestadores de serviços de telemática que oferecem soluções e serviços. Atuam de uma forma consultiva e com um papel fundamental de agentes da mudança, em termos de gestão de frota, economia de combustível, provedores de informações para redução do peso do veículo nas vias, melhoria da dirigibilidade dos motoristas e podem contribuir diretamente sobre o tema de emissão de poluentes nas empresas de transportes.

Digitalização

Indústria, informação e infraestrutura. A tecnologia está presente nas ações contra as mudanças climáticas no âmbito global. Neste sentido, ao falarmos sobre o tema Proconve 8, necessariamente temos de fazer uma breve leitura de como estamos preparados para a digitalização. Assistimos todos os dias o desenvolvimento rápido de tecnologias em tudo aquilo que nos envolve no dia a dia. A realidade da Inteligência Artificial também está presente nos setores automotivo e de Internet das Coisas, bem como pode ser uma das ferramentas mais importantes para a fiscalização e controle de emissões a fim de atender a regulamentação prevista no Proconve 8.

A computação em nuvem é um dos fatores que pode contribuir em diversos aspectos, principalmente quando adicionamos os fundamentos de “Machine Learning” e Inteligência Artificial. Estabelecer novas conexões entre pessoas e máquinas, com informações de predição e, em alguns casos estarem associadas ao uso da inteligência de dados do histórico das operações, pode ser algo de um futuro mais próximo da nossa realidade e que esteja presente nas demandas de controle de emissões para veículos comerciais, logística, distribuição e de entregas no país, considerando a abrangência continental e o papel que o Brasil desempenha como protagonista na América do Sul. Aos poucos, a mudança cultural que estabelecemos retrata um dos principais motivos pelo qual estamos falando de inovação, tecnologia e de conectividade com foco na emissão de poluentes e quais são os fatores de contribuição para o meio ambiente.

O que vem por aí

O desafio de ter comunicação nas estradas federais o tempo todo nos permite uma reflexão sobre o que precisamos em termos de legislação, infraestrutura e Sistemas Inteligentes de Transportes (ITS), que atendam a legislação e regulamentação para a Rodovia Inteligente. Estamos falando da Rodovia Conectada, no presente e no futuro.

A capacidade de inovação e ferramentas que permitam auxiliar no controle das emissões, tais como a Inteligência Artificial, certamente trazem uma expectativa de mais Verde e melhoria na qualidade de vida.

Caminhões urbanos e rodoviários rodando nas estradas conectadas pode ser uma realidade que permite ter baixa latência, melhoria na área de cobertura de telecomunicações e tecnologia embarcada de ponta. Eles retratam novos rumos para as operações de transportes, monitorados em segundos e traduzidos em conforto, comunicação e segurança para operações logísticas e de entrega nas cidades, soluções e sistemas que monitoram o tempo entre os pontos de carga e descarga, a capacidade de carregamento e redução de peso, fatores para segurança da operação nas vias e de outras tecnologias que possam contribuir para a proteção do indivíduo, do veículo e da carga, a fim de perceber e reagir as condições operacionais e de risco ambiental, associadas a Internet das Coisas e inseridos em uma estratégia muito clara de descarbonização, transição energética e combustíveis mais limpos. Maior eficiência em transportes.

O que temos de melhor

A criatividade no ambiente de negócios que envolvem uma abordagem analítica e uso de metodologias no mundo Digital e processos ágeis, redefinem, em poucas palavras, o que temos de melhor quanto ao tema Internet das Coisas e favorece um ambiente econômico e novas experiências, seja na boleia dos caminhões, nos smartphones dos motoristas, nos sistemas de telemática embarcados de fábrica e outros dispositivos conectados, que certamente na sua individualidade e no coletivo, abrem novos caminhos para termos rodovias mais modernas e tecnologia de ponta presente no dia a dia dos motoristas e na jornada de cada um de nós, especialistas e profissionais da área. Todos estes fatores contribuem para a mudança cultural e percepção de valor de cada indivíduo, principalmente na conscientização e ações que contribuam para o controle de emissões e cumprimento das metas para os próximos anos.

Uma relação direta entre o Ecossistema e o Verde. O meio ambiente e a melhoria da qualidade de vida das pessoas nas grandes cidades e em todo o nosso país.

ABINC

O tema de Internet das Coisas é vasto e tem amplitudes regionais na América Latina, muitas vezes com poucos estímulos econômicos e governamentais. Tangibilizamos o uso da tecnologia, relação do insumo da energia elétrica, valor agregado da solução, estimulamos a progressão dos caminhos da inovação com o ritmo de aceleração e implantação, os quais entendemos como grandes desafios de todo este ecossistema de mobilidade e Transformação Digital. Neste ano de 2022, entendemos que a segmentação será pontual para acelerar alguns nichos de mercado.

Como Associação, somos referência em IoT. Nossa missão é compreendermos esta jornada e a evolução destes nichos e segmentos específicos, tais como, carros elétricos, ônibus, caminhões e outras soluções de mobilidade para os cidadãos que tenham a percepção de valor e que haja incremento tecnológico com uma boa utilização da tecnologia e inovação, aliados a relação econômica favorável ao Ecossistema. Como ABINC, temos proximidade com estes nichos, institutos de pesquisas e provedores de soluções em conectividade e mobilidade. Contamos com todos vocês nesta jornada para o futuro.

André Carvalho é especialista em Digitalização e IoT. É integrantes da Diretoria da ABINC.

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