O Zona Azul no Centro e nos bairros deve excluir mais de 80% dos flanelinhas

Henrique André dos Santos e Woodson de Oliveira Rocha mostram as modificações do Zona Azul.
Henrique André dos Santos e Woodson de Oliveira Rocha mostram as modificações do Zona Azul.
Henrique André dos Santos e Woodson de Oliveira Rocha mostram as modificações do Zona Azul.

O estacionamento rotativo no centro de Manaus e em áreas comerciais de maior movimentação da cidade, o Zona Azul, pode ser uma “arapuca” preparada pela prefeitura de Manaus para pegar proprietários de veículos despreparados e um péssimo negócio para os guardadores de veículos (os Flanelinhas), que dependem da arrecadação diária para o sustento de suas famílias. O mais novo caça níquel da prefeitura deve ser implantado até março de 2015, sem dar oportunidade real aos trabalhadores.
Representantes da categoria procuraram a vereadora Rosi Matos (PT) no início dessa semana, porque estão preocupados com a proposta minguada feita pelo prefeito Arthur Neto (PSDB) sobre o aproveitamento da mão de obra existente na área Central, onde será implantado o 1º lote de ruas do Zona Azul, sob o gerenciamento de o consórcio Amazônia, única empresa habilitada para operar o sistema de estacionamento rotativo “Zona Azul”, no Centro de Manaus. É provável que mais de 80% da categoria seja extinta pela implantação do sistema.


O presidente Henrique dos Santos e Woodson Rocha no gabinete da vereadora Rosi Matos.
O presidente Henrique dos Santos e Woodson Rocha no gabinete da vereadora Rosi Matos.

De acordo com o presidente da Associação dos Guardadores, Lavadores de Veículos Auto Motores do Amazonas (Aglavam), Henrique André dos Santos, só em 20 ruas do Centro existem 600 flanelinhas trabalhando, muitos deles a mais de 25 anos, mas a empresa só está disponibilizando 200 vagas e mesmo assim, com uma série de exigências contratuais.
Esse primeiro lote seria um experimento da prefeitura, que está preocupando a categoria dos flanelinhas. A Aglavam fez um levantamento recentemente e confirmou que nesse 1º Lote, serão necessários 240 guardadores, mas acredita-se que só serão contratados 100 deles. O Consórcio ainda não definiu a quantidade que eles vão contratar para essa primeira área do Zona Azul. É aí onde reside a preocupação da diretoria da Aglavam: a falta de resposta e de definição da empresa e da prefeitura.
Hoje (17), os Guardadores estarão reunidos para aprovar a contraproposta a ser entregue ao prefeito. Eles vão colocar todas as necessidades da categoria na pauta, inclusive, salários, número de trabalhadores necessários para as áreas, o tempo de carência da contratação e outros de acordo com a Lei do Trabalho. Na pauta, constará ainda, a discussão a ser travada quando entrarem as Zonas Azul do Vieralves, Parque-10 e Djalma Batista.
Ainda de acordo com o presidente Henrique dos Santos, os flanelinhas vão exigir que o prefeito e a empresa Consórcio da Amazonas retirem da pauta o item da “exigência da qualificação” e a obrigatoriedade de saber ler fluentemente, escrever, cálculos matemáticos e limite de idade. Ele afirma que esse é um dos maiores empecilhos para a maioria dos guardadores de Manaus.
A Aglavam tem 1.223 flanelinhas cadastrados, a maioria com mais de 25 anos de atividades nas ruas. São pais de família que retiram o sustento e a educação dos filhos dessa atividade e não dispõem de tempo e nem disposição para enfrentarem um “banco de escola” depois de 12 horas de trabalho, em dias normais. “Essa exigência está alem da capacidade física da maioria dos colegas”, acentuou Henrique. Além do mais, a empresa e a prefeitura não levou em consideração o título de utilidade pública conquistado pela Associação.

Título de utilidade pública da Aglavam
Título de utilidade pública da Aglavam

O prazo de implantação do Zona Azul é até março de 2015. O cerco está apertando, tanto para os guardadores de veículos quanto para os usuários do sistema. Um, porque tendem a perder a oportunidade de trabalho, os proprietários de veículos, porque vão se sujeitar a preços abusivos. A previsão é que o Manaustrans (empresa pública gestora do transito de Manaus), estabeleça o valor da taxa de R$ 2,30 a R$ 2,80 a hora estacionada, com 15 min, de tolerância.
O agravante (a arapuca) disso é que o proprietário só pode ficar no máximo (2 horas) no local estacionado. Após esse prazo, ele terá que mudar de vaga, ou ter seu carro guinchado pelo Manaustrans. No regulamento da empresa Consórcio Amazônia, não consta ressarcimento de perda e danos ao veículo. Ou seja, prováveis prejuízos não estão no projeto da empresa. É bom os donos de carros colocarem as barbas de molho.

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