Ônibus: o vergonhoso tratamento da prefeitura com a população

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A greve deflagrada pelos rodoviários nesta terça-feira mostra não apenas o desrespeito com os trabalhadores do transporte coletivo, quanto com os usuários, mas mostra a falta de controle do poder público sobre a concessão do serviço mais essencial para a população.


O Sindicato das Empresas dos Transportes de Manaus (Sinetram) informou que cerca de 300 mil pessoas foram prejudicadas. Este número não tem como ser verificado e poderia ser rapidamente verificado pela Superintendência Municipal de Transportes Urbanos (SMTU), pois todos os ônibus possuem registro eletrônico de quantos passageiros usam os transportes coletivos.

Em uma população de dois milhões de habitantes, a estimativa é de que pelo menos 1,2 milhões de pessoas usem ônibus, pois são mais de 450 mil estudantes da rede pública e particular, além dos trabalhadores do comércio e autônomos que utilizam o transporte coletivo.

Pior que isso, na planilha de custos das passagens de ônibus, cinco centavos estão destinados para a melhoria do sistema, como recuperação de paradas, vias e até mesmo a manutenção dos veículos. De um lado os empresários reclamam que a manutenção é cara pois tem muitas ruas esburacadas, de outro a prefeitura diz que pavimenta ruas e melhora paradas com recursos próprios. Então para onde vai esses cinco centavos que o usuário paga quando passa na catraca? Quem fiscaliza se há o repasse desse valor? Quem fiscaliza onde é aplicado?

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Por quê a prefeitura não tem controle sobre quantos passageiros são transportados diariamente? Onde fica a transparência dessas informações?

Manaus possui, oficialmente, 1.527 ônibus em sua frota para atender 2 milhões de habitantes, o que dá em média 1.334 passageiros por ônibus. Comparando com São Paulo, que possui 12 milhões de habitantes e 15 mil ônibus, com uma média de 833 passageiros por ônibus. Para chegar nessa média, Manaus deveria ter pelo menos 2.500 ônibus para atender sua demanda.

Aumentando a frota, tornaria o sistema de transporte público mais confiável, mais rápido e, com isso, poderia diminuir o número de carros pequenos circulando, pois muitas pessoas utilizam seus próprios carros por não confiarem no transporte coletivo.

Mas o que se vê, e essa greve dos rodoviários deixa isso patente, é que a prefeitura atende à demanda dos empresários, mas não cobra qualidade de serviço para os usuários e tampouco o cumprimento das obrigações trabalhistas, obrigando os rodoviários a usarem de sua instância máxima de reinvindicação: a greve.

Com isso, o maior prejudicado continua sendo a população, que paga uma das tarifas mais caras do país por um dos piores serviços prestados.

Fonte: Portal dos Barés

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