
A operação caça-níquel, especializada em derrubar direções de Sindicatos trabalhistas pelo recurso judicial, em Manaus, ainda não terminou esse ano. Na próxima terça-feira (20), a direção do Sindicato dos Rodoviários já espera a chegada de uma liminar destituindo toda a diretoria eleita com mais de 86% dos votos da categoria.
O anúncio, antecipando a decisão do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), foi feito por um escritório de advocacia, liderado pelo advogado Amadeu Maués, (primo do suplente de deputado federal Sabino Castelo Branco). Ele e um grupo de advogados veem, constantemente, assinando peças judiciais com o objetivo de induzir juízes plantonistas a expedir liminares de destituição de diretorias de sindicatos, sempre com o argumento da falta de prestação de contas.

Os mais visados pelo grupo formado por advogados, ex-sindicalistas, empresários e oportunistas, são os maiores, como: Sindicato dos Rodoviários, Metalúrgicos, Vigilantes, Transportes Especial, Construção Civil. Os que possuem o maior número de filiados e arrecadação.
A atuação desse grupo em Manaus, não é nova. Recentemente, eles estiveram ocupando o Sindicato dos Transportes Especial (Sindespecial), e o Sindicato dos Metalúrgicos, onde elegeram junta governativa formada por empresários, limparam o caixa e, quando saíram, levaram todos os pertences, inclusive lençol de cama e utensílios de cozinha, sem contar os computadores, televisores e objetos de menor valor.
No Sindicatos dos metalúrgicos, o prejuízo foi de mais de R$ 1,8 Milhão, em dois meses de ocupação, de 26 de setembro a 30 de novembro. Tudo a título de fazerem uma auditoria e de provar uma suposta fraude nas eleições da atual diretoria. Não provaram absolutamente nada, saíram, porque o pleno reconheceu por 8×3, contra eles, o erro da liminar dada ao grupo, mas eles, sorrateiramente, voltaram ao Tribunal do Trabalho com a mesma peça, pedindo a volta e elegeram outra junta governativa. O juiz foi induzido ao erro, mas reconheceu em seguida, em menos de 24 horas depois.
Amadeus Maués se vangloria da sua atuação dentro do Tribunal, não pede segredo ao dizer que ainda vão cair mais três sindicatos até o recesso judiciário previsto para a próxima terça feira (20), de preferência os grandes. Amadeus alega que tem “amigos”, que expedem liminares, igual à dos Transportes Especial onde já estiveram por mais de três vezes e nos Metalúrgicos, sempre às vésperas do depósito bancário do imposto sindical.
Para o vice-presidente dos Rodoviários, Josildo de Oliveira, a manobra do advogado Amadeu Maués é simples e bastante conhecida de todos os presidentes de Sindicatos. “Ele faz uma cópia das peças anteriores, escolhe nomes de interessados em fazer parte do esquema, dá entrada no Tribunal do Trabalho, geralmente em plantões judiciais, em finais de semana, elege a junta governativa, pede ao juiz o direito de movimentar a conta bancária e, quando assumem, a primeira ação é sacar todo o dinheiro da conta do sindicato, nos cofres do banco”, lamenta.
No sindicato dos Transportes especial, o presidente William Enock, vive monitorando diariamente o grupo que se especializou em montar peças judiciais, sempre com o objetivo de derrubar diretorias sindicais eleitas pela categoria e tomar posse dos bens e recursos da instituição trabalhista.
Os Rodoviários, Construção Civil, Vigilantes e Sindespecial, estão com o sinal vermelho ligados permanentemente. Todos conhecem o esquema do advogado Amadeu Maués e da sua capacidade de induzir a justiça ao erro. O que vier daqui pra frente, nesse sentido, já é esperado pela categoria, mas eles dizem que esperam a sábia decisão da justiça, para evitar que esse esquema fraudulento seja exterminado do meio sindical.