

As galerias criadas pela prefeitura de Manaus para abrigar os camelôs da Avenida Eduardo Ribeiros, Centro de Manaus, estão jogadas às moscas. Não tem o movimento desejado e nem o que foi prometido pelo prefeito Arthur Neto, na ocasião da mudança. A contribuição de R$ 1Mil reais, que a prefeitura dava aos camelôs, também já estão chegando ao fim e, em outros casos, já não existe mais.

O resultado da combinação – falta de movimento e falta de dinheiro, está resultando na volta gradativa e silenciosa dos camelôs para as calçadas do Centro. Não mais para a Avenida Eduardo Ribeiro, de onde saíram, mas para todas as ruas onde conseguem vender os seus produtos.

O ex-presidente do Sindicato dos Camelôs, Raimundo Sena, disse que o projeto das galerias “é bonito”, mas, infelizmente, foi colocado nas mãos de pessoas sem competência e sem capacidade para administrar qualquer tipo de projeto.
De acordo com Sena, os camelôs não têm mais pra quem vender os seus produtos. As galerias estão 80% falidas, não estão vendendo 20% do que vendia na rua. “as vendas estão péssimas e os camelôs tem que se virar de qualquer jeito, tem que sobreviver e é por isso que estão voltando para as calçadas”, garantiu.
De acordo com Sena dos mais de 1.000 camelôs que saíram das ruas, 800 estão passando dificuldade. A grande maioria dos camelôs instalados nas galerias, passam o dia inteiro para vender entre R$ 20,00 a R$ 40,00. Os que vendem bem chegam a R$ 80,00/dia, mas isso é para aqueles que estão em ponto de esquina. Uma média de 20% da categoria, o restante está sobrevivendo.
A opinião de Raimundo Sena é compartilhada pelo camelô Charles Pereira Silva e Charles Moreira, ambos na Galeria Floriano I (Centro). Para eles o que ainda salva é a cota de R$ 1.000,00 dado pela prefeitura, mas concordam que hoje muitos já voltaram para as ruas. “Tem gente aqui que não faz nem o do almoço”, complementam.
A esperança deles é a inauguração do Camelódromo definitivo prometido pela prefeitura, na Zona Leste e na área central de Manaus. Trabalhando com cosmético, uma vendedora que não quis se identificar, disse que já passou três dias sem vender nada. Mas a senhora Joana Izílio Maior, camelô desde a primeira retirada forçada das ruas, em 1988, disse que já não tem mais motivo para voltar às ruas. “Manaus pode conseguir ser igual às outras cidades do Brasil, onde tem shopping de camelôs funcionando muito bem”, apontou.
Joana disse que eles estão mantendo o compromisso assumindo com a prefeitura, mas existem centenas de outros que não. “Eles estão voltando para as ruas”, garante. É uma banca no camelódromo e duas nas ruas do Centro. “Tem gente com três barracas ou mais, sendo instaladas nas calçadas”, avisa.
“Eles precisam dar um jeito de sobreviver. Vão colocar mercadoria na mão e ir vender onde der. Dentro da galeria não tem condições. E se prefeitura não tomar uma medida urgente, continuar assim, a volta para as ruas será mais rápida ainda”, resumiu o ex-presidente do Sindicato da categoria Raimundo Sena.