Ouro: riqueza escondida no Amazonas – por Professor José Melo

Professor José Melo - foto: Correio da Amazônia

O ouro no Amazonas, a riqueza escondida em inúmeras jazidas, visíveis, suscita discussões sobre o impacto que a sua exploração pode causar ao meio ambiente e ao Estado, mas o caminho natural é a legalização com responsabilidade


Desejando a todos uma quarta feira com saúde, paz e prosperidade, hoje quero apresentar minhas preocupações sobre a exploração de ouro no Amazonas.

O ouro é um metal que existe no espaço, mesmo antes da formação do planeta Terra. As
explosões estelares transportaram o ouro e outros metais para todo o Universo, incluindo a
Terra, por meio de colisões de estrelas de nêutrons.

Civilizações antigas usavam o ouro como joias. Moderanamente, o ouro, além de ser utilizado em joias, também é amplamente empregado na indústria, na eletrônica e como reserva de valor, sobretudo no lastreamento de moedas em todo o mundo. Sua procura, portanto, é muito grande.

No Amazonas, o ouro foi descoberto em vários lugares:

a) No Rio Madeira e seus afluentes, onde centenas de quilos de ouro já foram extraídos (nos garimpos do Juma, do Canumã, do Sucunduri e no próprio leito do rio Madeira);

b) Outro local onde já se extraiu muito ouro foi no Rio Jutaí, afluente do Rio Solimões;

c) No alto Rio Negro, além de uma variedade extraordinária de gemas, também já foi extraída uma grande quantidade de ouro;

d) Outro local com significativa extração de ouro e uma reserva extraordinária é o Rio Japurá, no Rio Purê, na fronteira com a Colômbia.

Observatório da Mineração: busca pelo ouro na Amazônia – foto: recorte/recuperada

O mais impressionante na exploração do ouro no Amazonas é que pouco mudou para melhor na vida das pessoas que vivem nas áreas exploradas. Isso ocorre porque, com raras exceções, a exploração é realizada de forma clandestina e, sob a forma de contrabando, o ouro é rapidamente levado para fora do Estado.

O que tem ficado dessa exploração desordenada e ilegal?

• Desmatamento (agressão ao meio ambiente);
• Mudança na geografia dos rios e igarapés;
• Contaminação das águas, devido ao uso do mercúrio para separar o ouro dos
sedimentos (altamente tóxico);
• E muitas doenças.

Nos últimos 10 anos, a exploração ilegal de ouro no Amazonas cresceu mais de 90%, e não há notícias de uma escola, hospital, posto de saúde ou qualquer outro equipamento social ter sido construído ou instalado nas áreas exploradas.

Então, por que o Brasil e o Amazonas não criam mecanismos para trazer essa exploração para a legalidade (ambiental e econômica)? Por que abrir mão dos impostos e dos benefícios sociais dessa atividade econômica? Por que se limitar a realizar, esporadicamente, operações do aparato de segurança, que custam muito aos cofres públicos e não resolvem o problema?

Brasil extrai 406 toneladas de ouro em 5 anos e movimenta cerca de R$ 70 bilhões – foto: recorte/arquivo

Não seria mais racional editar leis e regulamentos que dessem aos garimpeiros a oportunidade de desenvolver suas atividades dentro da legalidade?

Hoje, já existem métodos que dispensam o uso do mercúrio como elemento para separar o ouro dos sedimentos, como:

• Gravidade (máquinas vibratórias);
• Flotação (para o ouro extraído de rochas);
• Cianeto (que é reutilizado e não afeta a natureza);
• E a tradicional bateia ou pan.
Fonte: Google imagens.

Ninguém, em sã consciência, gostaria de ver seus bens sendo destruídos; mas é isso que tem acontecido vez ou outra com as balsas de garimpo ilegal. Mais de 1.200 balsas já foram queimadas, causando prejuízos tanto para os garimpeiros quanto para o meio ambiente.

Não seria mais inteligente optar pela legalidade? Ter paz para trabalhar, preservar o seu
patrimônio e garantir o sustento da sua família dentro das regras impostas pela sociedade?
Para que isso aconteça, é necessário que os governos estabeleçam normas e diretrizes claras a serem seguidas. Afinal, milhões de pessoas extraem ouro todos os dias no planeta Terra!

Com a palavra, as autoridades.

Professor José Melo – é ex-Governador do Estado do Amazonas e analista político

Artigo anteriorUFAM oferece minicursos gratuitos sobre gênero, equidade e ecofeminismo
Próximo artigoGoverno Federal lança plano inédito para promover a igualdade racial na comunicação pública

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui