
A ambientalista e zootecnista Gláucia Seixas se mudou do Rio Grande do Sul para Mato Grosso do Sul na década de 90 para reabilitar animais da rica fauna do Pantanal. Entre eles, uma espécie bem conhecida a sensibilizou: os papagaios. Os filhotes da ave eram vendidos na cidade por “traficantes inescrupulosos”, segundo ela, e não havia uma ação só para ajudá-los. “Eles estavam desamparados”, diz.
Hoje, Gláucia faz parte de uma campanha nacional de ajuda aos papagaios. O projeto se chama “Adote um Ninho”. As doações, feitas online, serão usadas para criação de ninhos artificiais para papagaios no país. O doador receberá fotos, vídeos e informações sobre as aves beneficiadas.
Além do tráfico, o desmatamento também é um problema para a ave: as espécies precisam de cavidades em troncos para depositar os ovos. De preferência, árvores mais antigas. Quanto mais árvores no chão, menos papagaios no céu.

Os ninhos artificiais, então, tentam compensar parte da natureza perdida: são de madeira, com uma entrada para um compartimento oco e instalados próximo às áreas de reprodução. Quatro tipos estão sendo ajudados: o papagaio-charão, papagaio-de-peito-roxo, papagaio-de-cara-roxa e o tipo mais conhecido do brasileiro, o papagaio-verdadeiro. Gláucia é a responsável pelos ninhos deste último, por meio da ONG Papagaio-verdadeiro, que ela lidera desde 1997.
As espécies são vítimas do tráfico devido à habilidade em repetir frases humanas, afirma. Segundo ela, mais de 11 mil filhotes de papagaio-verdadeiro foram capturados nas últimas três décadas só em Mato Grosso do Sul.
“Esse número de filhotes apreendidos é muito pequeno, visto que os agentes de fiscalização não conseguem interceptar todos”, acrescenta. “O tráfico, associado à perda de habitat, tem gerado um grande declínio populacional da maioria das espécies de papagaios no Brasil”.
Uol