Para reduzir poluição, prefeitura cria sistema de reciclagem de eletrodomésticos

Foto: João Viana / Semcom

Em Manaus eletrodomésticos e eletroeletrônicos usados, que iriam para o lixo comum e poderiam contaminar o solo, o leito dos rios e os igarapés, agora têm destino certo para serem descartados, armazenados, desmontados e, finalmente, reciclados. Fabricantes, importadores e distribuidores se beneficiam, reduzem custos e o impacto ambiental, e ainda contribuem para uma economia mais sustentável a nível local e nacional.


Segundo a Secretaria Municipal de Limpeza Urbana de Manaus (Semulsp), cerca de 27 mil toneladas de lixo são retiradas diariamente dos igarapés, ao custo de R﹩ 30 milhões por mês. Com a inauguração da 1ª Central de Logística Reversa de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos da Região Norte na cidade, ocorrida em setembro, o cenário está mudando. A Associação de Catadores de Recicláveis do Amazonas (Ascarman), responsável por coletar e receber os materiais, calcula que, até o mês de novembro, mais de 6 toneladas de eletroeletrônicos e eletrodomésticos serão recebidas, incluindo televisores, fogões, geladeiras, impressoras e cartuchos.

A Ascarman tanto recebe o material quanto coleta em empresas, instituições ou na casa das pessoas, por meio de agendamento. No total, 21 catadores de materiais recicláveis trabalham na operação. Ozileni Vital Noé, que está há mais de sete anos na associação, conta que, com o novo projeto da prefeitura, o volume de lixo eletrônico coletado dobrou. “Em setembro, tínhamos cerca de duas toneladas e agora já estamos com seis. É lucrativo para os associados e bom para o meio ambiente, pois retiramos lixo eletrônico das esquinas e dos igarapés. É uma iniciativa que está gerando emprego e renda para a comunidade”, define.

Foto: João Viana / Semcom

Exemplo nacional

O prazo para o estado do Amazonas ter um serviço de logística reversa seria 2022, mas a Prefeitura de Manaus se antecipou e adiantou a implementação para 2021, com foco em tornar-se um exemplo de sustentabilidade para outras cidades dentro e fora do Brasil. O objetivo deste trabalho é diminuir a quantidade de entulho abandonada nos igarapés e a poluição gerada como consequência. “Essa é apenas uma das ações da nossa política de conscientização ambiental. Manaus é a maior cidade da Amazônia e precisa dar esse exemplo de redução de impacto ambiental e sustentabilidade para o mundo”, explica o prefeito David Almeida.

Segundo a Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos (Abree), a mais antiga entidade representativa e gestora do setor, atualmente sete capitais além de Manaus contam com esse tipo de serviço, determinado pelo Decreto Federal 10.240/2020, que prevê a responsabilidade, por parte de todos os entes da cadeia econômica, de dar o destino ambientalmente correto para o volume de produtos colocados no mercado brasileiro. São elas: Campo Grande (MS), Florianópolis (SC), Vitória (ES), Maceió (AL), Brasília (DF), Curitiba (PR) e Rio de Janeiro (RJ). Manaus foi a quinta do país a inaugurar o serviço.

Foto: João Viana / Semcom

“É histórico que Manaus seja a primeira capital da Amazônia com o sistema de logística reversa de eletrônicos implantado, porque começamos a escrever um novo capítulo em que não teremos mais geladeiras, televisores e outros eletrodomésticos nos igarapés da cidade”, frisou o secretário de Meio Ambiente de Manaus, Antônio Stroski.

Segundo a gerente executiva da Abree, Mara Ballam, ter um sistema como esse depende do esforço individual de cada município. E Manaus trouxe este compromisso junto a seus moradores. “A Região Norte é de extrema importância para o setor eletroeletrônico. Temos mais de 50% dos nossos associados com fábricas localizadas na Zona Franca de Manaus e, sem dúvidas, o maior impacto da inauguração da primeira central na capital do Amazonas será para a população. A destinação final ambientalmente adequada destes produtos colabora com o meio ambiente não só local, mas nacional”, afirma.

Foto: João Viana / Semcom

O prefeito David Almeida acrescenta que o resultado a longo prazo dependerá do consumidor, que deve devolver seus produtos pós-consumo ao sistema de logística reversa. “É necessário que a população se conscientize da importância do descarte ambientalmente correto. E em Manaus isso pode ser feito de forma adequada no local estabelecido pela prefeitura, onde 100% dos produtos entregues ao sistema são destinados para o processo de reciclagem”, cita o prefeito.

Em Manaus, a base da operação funciona na sede da Ascarman, localizada no bairro Santa Etelvina. A entidade está capacitada para receber materiais pós-consumo de todos os portes, como aspirador de pó, batedeira, ferro elétrico, fones de ouvido, liquidificador, máquina de costura, micro-ondas, purificador de água e televisão, entre outros. O recolhimento dos produtos é feito pela associação em parceria com a prefeitura, que disponibiliza o sistema de coleta agendada, via celular, para que os objetos sejam recolhidos e levados até a Central.

Foto: João Viana / Semcom

Do lixo à reciclagem

Seguindo a lógica da economia circular, que significa reduzir, reutilizar e recuperar materiais e energia, cidades de todo o mundo estão priorizando uma nova forma de pensar o futuro e de se relacionar com o planeta, evitando o consumo crescente de novos recursos. A ideia é depender menos de matéria prima virgem e usar mais materiais duráveis, recicláveis e renováveis. A estratégia da Prefeitura de Manaus é engajar a população nesse processo e beneficiar não só o meio ambiente, mas também a economia.

Para que isso se torne realidade, o consumidor é peça-chave. Quando o cidadão utiliza um produto e decide jogá-lo fora, deve permitir que ele siga seu caminho rumo à reciclagem. O correto a se fazer é levar aquela máquina de lavar sem uso, um micro-ondas quebrado, uma geladeira que não funciona mais, impressora, teclado, computador, liquidificador, furadeira, secador, medidor de pressão, TV, rádio, videogame ou qualquer outro eletroeletrônico e eletrodoméstico até a sede da Ascarman. Ali, esse produto será devidamente armazenado e depois enviado à Central de Logística Reversa, que fará o devido encaminhamento a uma empresa de manufatura reversa, onde o objeto será desmontado e, por fim, reciclado.

 

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