Parceria entre CI-Brasil e re.green impulsiona restauração florestal em áreas críticas

Foto: Recorte

Durante a Conferência das Nações Unidas para a Biodiversidade, realizada na Colômbia, e a poucas semanas da COP climática, a CI-Brasil e a re.green firmaram um importante acordo de cooperação. O objetivo é somar forças e conhecimentos para acelerar e expandir a restauração florestal no Brasil, contribuindo com as metas de biodiversidade e clima em níveis nacional e internacional. A parceria visa restaurar até 12 mil hectares em biomas estratégicos, como a Mata Atlântica, Amazônia e o Cerrado.


Mauricio Bianco, vice-presidente da CI-Brasil, destacou que a restauração de paisagens é crucial para enfrentar a crise climática e a perda de biodiversidade, duas das maiores ameaças globais atualmente. “O primeiro passo é coordenar esforços e compartilhar conhecimento com os atores já envolvidos na geração e difusão de informações. Um dos objetivos prioritários desse acordo é justamente criar e compartilhar conhecimento com protagonistas de iniciativas de restauração em áreas críticas”, explicou Bianco. Segundo ele, a CI-Brasil traz uma forte experiência em projetos de grande escala no Brasil, enquanto a re.green, com expertise em créditos de carbono e conservação da biodiversidade, surge como parceira ideal para impulsionar o ritmo e o alcance da restauração no país.

Essa colaboração entre as duas organizações tem potencial para transformar os esforços de restauração florestal, promovendo uma contribuição sólida para a preservação ambiental e a resiliência climática do Brasil.

Com um potencial de restauração de mais de 21 milhões de hectares no Brasil, conforme estabelece a legislação, o setor ainda enfrenta desafios de financiamento, tanto público quanto privado, para viabilizar soluções baseadas na natureza. Essa lacuna de investimento tem incentivado o surgimento de start-ups focadas em abrir novos fluxos e mecanismos financeiros voltados à economia da restauração. No contexto da crise climática, os mercados voluntários de carbono têm se destacado como um motor para ampliar os esforços de restauração no país, possibilitando uma receita significativa para esses projetos. Projetos de ARR (Florestamento, Reflorestamento e Revegetação), alinhados aos padrões de carbono, ajudam não apenas na mitigação climática, mas também na conservação da biodiversidade e na inclusão das comunidades rurais. No entanto, a complexidade das iniciativas de restauração florestal e o valor agregado à biodiversidade e aos benefícios sociais nem sempre são contemplados em projetos de carbono puro. A nova parceria entre a CI-Brasil e a re.green busca preencher essa lacuna, ampliando o impacto social e ambiental.

“A variável social não pode ser excluída da equação do futuro que queremos”, afirma Miguel Moraes, diretor de projetos da re.green. Ele ressalta que projetos que integram benefícios à população local têm maior adesão e promovem uma sustentabilidade de longo prazo. “Estamos focados em uma região que já tem tradição em restauração florestal para começar essa jornada”, completa Moraes.

A parceria entre CI-Brasil e re.green terá início no Extremo Sul da Bahia, área que a CI-Brasil já apoia há quase três décadas, promovendo um modelo de desenvolvimento que alie conservação, geração de benefícios para as comunidades e fortalecimento da economia local. A re.green, por sua vez, tem conduzido um projeto de restauração florestal na região, envolvendo propriedades rurais e focando no desenvolvimento de práticas sustentáveis. “O Extremo Sul da Bahia é um importante centro de endemismo da Mata Atlântica, um dos principais hotspots de biodiversidade global”, explica Moraes. A escolha da Mata Atlântica como o primeiro foco de atuação visa criar uma visão integrada de conservação e restauração de larga escala, permitindo fortalecer a presença das organizações na região e definir bases sólidas para futuros projetos na Amazônia e no Cerrado.

Além de proteger a biodiversidade, a iniciativa tem potencial para empregar centenas de trabalhadores locais, promovendo uma nova economia florestal baseada na restauração e silvicultura de espécies nativas. Isso gera oportunidades de aumento de renda e melhora na qualidade de vida das comunidades. Segundo Miguel Moraes, os modelos econômicos variados nesse processo podem atrair investidores e integrar os produtores locais.

O acordo também prevê a criação de um centro de inovação em restauração florestal, voltado a superar os desafios que limitam a expansão e a qualidade desses projetos. Esse centro desenvolverá estratégias para reduzir custos, otimizar a produção de mudas e sementes e monitorar o impacto da restauração, gerando dados e conhecimentos essenciais para impulsionar uma restauração florestal em larga escala que beneficie a biodiversidade e fortaleça o desenvolvimento socioeconômico no Brasil.

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