Pérola Negra abre hoje o desfile do Grupo Especial do carnaval paulista

Escola de Samba Pérola Negra, abre desfile em SP/Fogo: reprodução

A partir de hoje, sexta-feira (05), Índios, piratas, Iemanjá, Cláudia Raia, MC Guimé, orixás, Marias, James Cook, Sabrina Sato, Príncipe Charles, Pinah, reis, rainhas e celebridades de menor patente dividem o democrático direito de sonhar com seus cinco minutos de fama no Carnaval, a começar pelo hoje também brilhamte carnaval paulista. Às 23h15, a Pérola Negra abre os desfiles do Grupo Especial de São Paulo, com transmissão ao vivo pela TV Globo, fazendo com que boa parte dos paulistanos dê um tempo na crise e esqueça, ainda que momentaneamente, os escândalos, acusações de corrupção e operações policiais que estão na ordem do dia.


Mesmo com ingressos ainda à venda nas bilheterias do Anhembi, o Sambódromo deve ter lotação máxima – até porque, a primeira noite tem a presença da Gaviões da Fiel, garantia de sucesso de público. O valor do ingresso de arquibancada varia de R$ 90 a R$ 190. Cadeiras e mesas de pista custam de R$ 370 a R$ 2.420. As bilheterias funcionam no Portão 1 do Anhembi, próximo ao Pavilhão de Exposições na Avenida Olavo Fontoura, 1209, em Santana. Ao todo, são 14 escolas que vão passar pela passarela do samba em duas noites. Quem ainda tiver folego, pode conferir, na noite de domingo/madrugada de segunda-feira, o desfile das nove escolas que disputam o Grupo de Acesso. Veja a seguir, um resumo do que as escolas prepararam para esta primeira noite de desfiles.

Pérola Negra – 23h15
Vice-campeã do Acesso no ano passado, a representante da Vila Madalena quer enterrar de vez a sina de escola io-io, que sobe um ano e cai no outro. Para tanto, aposta num enredo criado pelo carnavalesco Fábio Borges, que combina a história da dança com a fundação e desenvolvimento do bairro aonde está instalada a sede da escola, também tradicional reduto dos bares, das festas e da boemia paulistana. “Do Canindé ao samba no pé. A Vila Madalena nos passos do balé” terá, entre as atrações prometidas, a presença de integrantes da Companhia Cisne Negro de balé e o coreógrafo Carlinhos de Jesus, proprietário de um dos bares que agitam a noite da Vila. Também vale prestar atenção na rainha de bateria, que foge ao padrão convencional das escolas de samba do eixo Rio-SP. A angolana Carmen Mouro será a primeira rainha de bateria estrangeira do carnaval paulistano. Aos 38 anos, mãe de três filhos, ela veio ao Brasil pela primeira vez fugindo da guerra civil no seu país, no começo dos anos 90. A opção por ela se justifica pelo samba-enredo da escola, que em sua homenagem as danças fazem referência a Angola, país africano berço do ritmo que embala o carnaval brasileiro. Se não for para ser campeão, pode-se esperar um desfile que permita ao carnavalesco Fábio Borges sonhar com uma vaga no grupo de escolas classificadas para o desfile da Apoteose.

Unidos de Vila Maria – 00h20
O clima de homenagem a um lugar – que muita gente no mundo do samba chama, depreciativamente, de enredo-cep – vai prosseguir com a passagem da segunda escola a entrar na pista. A Unidos de Vila Maria vai cantar os encantos de Ilhabela, famosa cidade do litoral norte de São Paulo conhecida pela beleza de suas praias e pelas lendas de piratas, naufrágios e mistérios que alimentam o imaginário do lugar. Para dar  vida ao enredo “A Vila famosa é mais bela, Ilhabela das maravilhas”, a escola da Zona Norte investiu pesado na contratação de dois personagens-chave do título conquistado no ano passado pela Vai-Vai; o carnavalesco Alexandre Louzada e o diretor de harmonia Demis Roberto, campeões com a homenagem a Elis Regina. No ano passado, o quesito que tirou mais pontos da Vila Maria foi evolução — penalização de seis décimos na nota final –, o que pode justificar o investimento na contratação de um novo diretor.
o desfile começa com referência a Iemanjá, a rainha do mar, e passa pela saga dos grandes navegadores, a chegada dos colonizadores, a presença dos índios, o comércio de escravos, a visita de piratas em busca de ouro das embarcações que ali naufragavam, a escola de velejadores… Entre os destaques prometidos está um carro alegórico com 22 metros de comprimento e 18 de altura, concebido para chamar a atenção do público e dos jurados. A bateria vem toda fantasiada de piratas. À frente dela, a rainha Dani Bolina, que faz sucesso desde suas primeiras aparições no programa Pânico na TV.

Águia de Ouro – 01h25
Terceira escola a entrar na avenida, a Águia de Ouro tem tudo para repetir os desfiles grandiosos dos últimos anos. Quem sabe, desta vez, para chegar ao título que lhe tem escapado pelo vão dos dedos. A aposta da escola é um tema polêmico, como são todos os que levam símbolos da Igreja para o Carnaval. O enredo “Ave-Maria cheia de Faces”, desenvolvido pelos carnavalescos Amarildo de Mello e André Marins é uma grande homenagem ao sentimento da feminilidade e da maternidade. A proposta é ir além da figura de Maria, a mãe de Deus, mas utilizá-la como ponto de partida para uma homenagem as mulheres. Pensando assim, numa comparação de devoção e fé a muitas “Marias” os carnavalescos propõem uma viagem passando pela história universal, e em variados momentos da civilização onde a força matriarcal e feminina sinalizam o espírito de amor, do sentimento maternal e acolhedor, qualidades atribuídas e outorgadas a “Virgem Maria”. Um dos destaques –perfeitamente adaptado ao enredo– é a comissão de frente, formada apenas por mulheres. Mantendo a tradição de ser uma escola que traz inovações, a Águia de Ouro segue investindo em formatos diferenciados de distribuição da escola na avenida. Faz parte dessa estratégia a ideia de fazer a bateria do mestre Juca fechar o primeiro setor da escola, bem próxima ao carro abre-alas. Uma ousadia que pode fazer a diferença.

Rosas de Ouro – 02h30
Quem também persegue o título que teima em não vir é a Rosas de Ouro, quarta escola a desfilar na passarela do Anhembi. Este ano a Roseira joga todas suas fichas nas múltiplas possibilidades de um tema de fácil entendimento e assimilação do público. O enredo ‘Arte à Flor da Pele. A Minha História Vai Marcar Você’ conta a história da tatuagem a partir de uma linha do tempo que começa na história primitiva do homem, que usava as marcas e desenhos no corpo para identificar as tribos e diferenciar a escala social de poder. André Cezari, carnavalesco estreante na escola, se permitiu algumas licenças poéticas no desenvolvimento do enredo, como a fantasia da ala das baianas, inspirada na cultura egípcia. Nas antigas civilizações da África e do Egito, em cultos de fertilidade, as sacerdotisas marcavam a pele, geralmente na parte do ventre. O desfile dará destaque á figura do navegador inglês James Cook, apontado na história como o homem que trouxe a tatuagem ao Brasil. Ele também é o criador do ‘dragão tatuado no braço’ do Menino do Rio, que virou música na voz de Caetano Veloso. Tradicionalmente, a escola atrai a presença de celebridades e artistas da TV, que compõem um elenco de estrelas ao lado da eterna rainha da bateria, Ellen Roche. Entre as novidades deste ano está a ilustre presença do rapper MC Guimé, que vai desfilar sem camisa, mostrando o corpo praticamente todo coberto por tattoos.

Nenê de Vila Matilde – 03h35
A onda dos enredos biográficos, que fez tanto sucesso no ano passado, garantindo inclusive o título para a Vai-Vai com a homenagem a Elis Regina, está de volta este ano pelas mãos da Nenê de Vila Matilde. A azul e branco da Zona Leste vai homenagear a atriz Cláudia Raia com o enredo “Rainha Raia nas Asas do Carnaval”, centrado numa exposição cronológica da vida e obra da artista na televisão, no teatro e na produção de grandes musicais. O carnavalesco Roberto Szanieck diz que o desfile vai resgatar esse clima dos grandes musicais, já que pela passarela do samba vão passar referências aos mais célebres personagens interpretados pela atriz. E uma grande brincadeira pode dar uma graça especial ao conjunto da obra. Por iniciativa da própria Cláudia, a escola escolheu através de um concurso cinco sósias da artista, que estarão espalhadas ao longo do desfile. A ideia é que o público se depare com essa multiplicação da personagem e se pergunte qual é a verdadeira Cláudia Raia, tipo “Onde está Wally”. Outro destaque é o primeiro carro, que apresenta os musicais que inspiraram Cláudia Profissionalmente. O carro se transforma na avenida, tem orquestra, com vários andares e muitas surpresas que devem encantar a plateia.

Gaviões da Fiel – 04h40
Sempre apoiada pela torcida corintiana, que não consegue separar as paixões pelo time de futebol e pela escola de samba, a Gaviões da Fiel leva para a avenida o enredo “É fantástico! Imagine, admire e sinta”, que fala sobre a origem da vida, com ênfase especiais as diversas teorias de como o mundo surgiu. O carnavalesco Zilkson ReiS partiu da ideia de um tema abstrato para criar elementos inovadores. Como, por exemplo, a comissão de frente, que vem representando o abismo, o escuro. O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira representa o Big Bang, a explosão. As baianas do Bom Retiro representarão o céu e a terra após Deus ter criado a luz. No segundo setor, a bateria representa o cérebro, essa máquina de inventar as coisas que mudam constantemente as civilizações. Em contraponto com a ciência, o terceiro setor trabalha o universo do sobrenatural. Por meio das lendas urbanas, como o bicho papão, a loira do banheiro, o lobisomem e o ET, a Gaviões sugere que há diversas versões da criação da vida.

Não é um enredo fácil, mas pode dar samba. Além disso, a escola conta com o apoio da arquibancada para puxar o samba e a presença sempre ilustre de craques do futebol e mulheres bonitas, como Sabrina Sato e as irmãs Minerato a frente da bateria.

Acadêmicos do Tatuapé – 05h45
Para fechar a primeira noite de desfiles no Anhembi, a Acadêmicos do Tatuapé preparou uma homenagem a uma das maiores campeãs do carnaval brasileiro, a Beija-Flor de Nilópolis. O enredo “É ela, a Deusa da Passarela – Olha a Beija-flor aí gente!” promete fazer uma viagem pelos grandes carnavais criados especialmente pelo gênio criativo de Joãosinho 30, como o clássico ‘Ratos e urubus larguem a minha fantasia’, de 1989, ano em que um Cristo redentor censurado pela igreja católica foi para a avenida coberto com lona plástica preta com uma faixa onde se lia ‘mesmo proibido, olhai por nós – improvisação que causou mais impacto do que a ideia original.

O carnavelesco Mauro “Xuxa” não nega que a intenção é mesmo prestar um tributo a escola carioca, que tem afinidades com a acadêmicos, como na coincidência das cores azul e branca do pavilhão e a proteção de São Jorge guerreiro como santo padroeiro. Outro ponto alto do desfile é a releitura de um clássico momento do samba brasileiro, quando a modelo Pinah tirou o Príncipe Charles para sambar numa recepção diplomática do governo brasileiro ao herdeiro do trono britânico. Pinah, que há 40 anos desfila na Beija-flor, estará no Anhembi ao lado de outros Ícones da escola de Nilópolis, como o casal de mestre-sala e porta-bandeira nota 10 Selminha Sorriso e Claudinho, além do cantor Neguinho da Beija-flor.(UOL)

NR – Todos horários de Brasília

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