Pesquisa mostra que setor de serviços move as agências de comunicação do Brasil

Arte: Reprodução

Se fugir do clichê “a comunicação é a alma do negócio” parece algo difícil, centenas de profissionais e empresários ainda não conhecem a realidade das empresas que têm como seu negócio a própria prestação de serviços neste importante segmento econômico. E por ser essencial para o bom funcionamento e andamento de projetos, lançamentos de produtos e relacionamento com a imprensa, a Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje) decidiu realizar a pesquisa “Panorama das Agências de Comunicação no Brasil: estrutura, organização e tendências”, justamente para que o próprio mercado e os demais setores como um todo possam compreender melhor como funcionam e atuam essas empresas.


O mapeamento define realidades como a participação das agências em redes de afiliadas ou atuação independente, processos de fusões e aquisições, tempo de atuação, número de funcionários, forma de contratação da equipe, processos oferecidos aos clientes, inovações tecnológicas incorporadas, os desafios dos próximos 12 meses, as áreas de maior crescimento no ano anterior e para o próximo ano, os desafios das agências para falar com o mercado contratante e os meios utilizados para esta promoção.

Números e desafios

A pesquisa aponta que os principais desafios enfrentados nos últimos 12 meses pelas agências têm origem direta na economia do país, com a redução dos orçamentos dos clientes em 84% dos casos, seguido pela dificuldade de manter ou aumentar o lucro da empresa com 72% das citações. Para contrapor o cenário de crise, o setor de serviços foi o que mais demandou contratações no ano de 2018, 64% das agências foram contratadas por este setor, respondendo por 42% do seu faturamento, seguido pelo setor alimentício com 31% das contratações, o que representa 16% do faturamento daquelas agências e o setor de construção e engenharia com 27% das contratações e 16% do faturamento. O setor que menos demandou dessas agências em 2018 foi o petroquímico com 3% e representatividade média de 4% do faturamento.

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As condições econômicas do país é o principal desafio para as agências de comunicação em seu mercado de atuação (64%). De acordo com Hamilton dos Santos, diretor-geral da Aberje, as empresas estão atentas as reformas econômicas em andamento ou que estão em debate. “As agências de comunicação dependem totalmente da evolução dos demais setores da economia.

Investimentos e até uma melhor projeção para os próximos anos só ficarão evidentes após a retomada do crescimento, a entrada de novas empresas no país, lançamentos de novos produtos e, principalmente, o aumento da renda e do poder de compra da população, o que impactará diretamente no consumo das famílias”, esclarece o executivo.

Resultados e tendências

As agências participantes da pesquisa atuam em diversos processos de comunicação, sendo os principais: Mídias Digitais e Sociais (85%), Assessoria de Imprensa (77%), Comunicação Interna (75%), Gestão de Crises e Riscos (73%) e Assuntos Corporativos/Relações Institucionais (69%). Destacam se ainda Design (59%), Eventos (51%), Branding (49%), Gestão de Reputação (49%) e Relacionamento com a Comunidade (48%).

Para 48% dos participantes, a área de construção e produção digital foi a que apresentou um maior crescimento no ano de 2018. Por consequência 53% das agências apostam o crescimento dessas operações em 2019. Em um nível muito próximo, as áreas de consultoria sênior (43%), relacionamento com a mídia (40%), gestão de riscos e crises (33%) e gestão de comunidades de mídia social (31%) completam a lista das áreas que apresentaram um maior crescimento no ano de 2018.

Para os próximos anos a pesquisa aponta que as tendências de mercado para as agências de comunicação são os campos de marketing e desenvolvimento de negócios. Segundo o levantamento, 63% das agências participantes apontam esse segmento como chave para desenvolvimento do seu negócio, seguido por criação de conteúdo multimídia (45%), análise de big data (43%), planejamento estratégico (36%) e gestão de riscos e crises, opinião pública e public affairs (33%).

Para diretor-geral da Aberje, as agências de comunicação estarão cada vez mais próximas da gestão do negócio do cliente. “Publicitários e jornalistas, por exemplo, tem a capacidade de oferecer um olhar amplo sobre as movimentações do mercado, comportamento do consumidor e como as empresas podem e devem se posicionar diante de um mundo em plena disrupção”, aponta Hamilton dos Santos.

Apresentando um crescimento de até 20%, o faturamento médio projetado para 2019 é de R$ 785 mil. Cerca de 60% das agências participantes projetam um faturamento para 2019 de até R$ 2.500.000,00 sendo que, para 29%, o faturamento projetado é de até R$ 500 mil. Este faturamento projetado representa, para 44%, um crescimento médio de 20% em relação ao registrado em 2018. Já para 20% das participantes, esse faturamento projetado representa uma redução média de 21% em relação ao de 2018.

Contratações e gestão de pessoas

Como não poderia ser diferente, em um setor também marcado por demissões e escassez de vagas, a pesquisa indica os métodos de recrutamento, as dificuldades na busca por talentos e as habilidades mais relevantes para executivos de comunicação. Cerca de 84% das participantes se utilizam de recomendações quando da busca por novos talentos, outros 65% buscam esses talentos através das redes sociais.

Neste caso, os principais desafios apontados pela pesquisa foram a formação de equipes multidisciplinares (35%), a contratação de talentos especializados, em nível júnior, com capacidade de entendimento de contexto e desenho de estratégia (27%) e, em nível sênior, para atualização dos serviços e/ou implementação de novos (24%) e a remuneração de funcionários chave com base, principalmente, no desempenho financeiro geral da empresa (24%).

Hamilton dos Santos diz que a medida que retomada econômica ganhar força, as agências tendem a aumentar o número de contratações. “No entanto, da mesma forma que as empresas procuram empresas atentas aos processos de inovação, as agências também querem profissionais altamente qualificados e capazes de atuarem de forma multidisciplinar, portanto é preciso buscar qualificação técnica”, indica o diretor da Aberje.

A coleta de dados ocorreu entre os meses de abril e junho de 2019 por meio de autopreenchimento em sistema online A amostra é não probabilística por conveniência. Participaram do estudo 76 agências, entre associadas e não associadas à Aberje.

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