
Uma pesquisa inovadora realizada pela Universidade Nilton Lins promete multiplicar a produção de tambaquis em até seis vezes, além de alavancar a produção de hortaliças de maneira sustentável no Amazonas. O estudo busca reduzir custos, economizar água e preservar a floresta, evitando a necessidade de desmatamento.
A pesquisa, conduzida pelo Programa de Pós-Graduação em Aquicultura da Universidade Nilton Lins, inaugurou esta semana sua unidade experimental no campus da instituição, localizado no Parque das Laranjeiras, na zona Centro-sul de Manaus. Coordenada pelos professores Lucas Pedro Gonçalves Junior e Juliana Tomomi Kojima, a iniciativa visa desenvolver um sistema integrado de criação de peixes e cultivo de hortaliças em um único ambiente aquático.
O projeto é especialmente voltado para pequenos produtores e agricultores familiares do estado. A unidade experimental testará e avaliará diferentes modelos de produção adaptados à realidade amazônica. “Nosso desafio neste primeiro momento é desenvolver, na prática, um ambiente ideal elaborado nos estudos teóricos, que seja propício tanto para os peixes quanto para as plantas. Dessa forma, esperamos melhorar a produtividade pela qualidade da água dentro do sistema alternativo de aquaponia e permitir que os pequenos produtores tenham duas fontes de renda”, destacou o professor Lucas Pedro Gonçalves Junior.
Na fase inicial dos trabalhos, a hortaliça escolhida foi a alface. Nos próximos meses, a pesquisa será expandida para incluir outras plantas de interesse comercial regional, como o jambu e o manjericão.

O sistema integrado proposto pela pesquisa não apenas aumentará a produtividade, mas também reduzirá significativamente o consumo de água em comparação aos modelos tradicionais de piscicultura. “É totalmente sustentável e respeita o meio ambiente da região. Nesta unidade experimental, contamos com 16 tanques, mas os produtores poderão usar viveiros de até 50m³. A piscicultura tradicional produz cerca de 1 kg de tambaqui por m³, enquanto com este sistema estimamos chegar a 6 kg”, explicou Lucas.
Iniciada em maio de 2023, a pesquisa está prevista para ser concluída em maio de 2025. Além dos experimentos, a unidade experimental servirá como centro de capacitação, oferecendo cursos para disseminar o conhecimento e capacitar os produtores locais. O projeto conta com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) pelo Programa de Apoio à Fixação de Jovens Doutores no Brasil.
Com a promessa de aumentar a produtividade de maneira sustentável, esta pesquisa pode transformar a produção de alimentos no Amazonas, beneficiando especialmente os pequenos produtores e contribuindo para a preservação ambiental.