
Pesquisadores suíços publicaram um novo estudo na revista Limnology and Oceanography sobre o rio Ruki, localizado na República Democrática do Congo, um corpo d’água que, agora, consideram como um dos mais escuros do mundo. A água deste rio afluente do Congo é tão escura que, segundo os estudiosos, você literalmente não consegue ver a mão na frente do rosto.
Comparações com outros grandes rios tropicais mostram que o Ruki pode até ser o grande rio de águas negras mais escuro da Terra. O estudo, realizado por cientistas da ETH Zurique em parceria com especialistas de outras universidades, afirma que ele é certamente muito mais escuro que o Rio Negro, na Amazônia.
A razão pela qual a água é preta é que ela contém excesso de matéria orgânica dissolvida e quase nenhum sedimento. Estas substâncias ricas em carbono são evadas para o rio principalmente pela chuva, que cai sobre a vegetação em decomposição da floresta e a carrega para o afluente.
Além disso, o rio costuma inundar a mata na época das chuvas, podendo levar semanas para que o nível d’água abaixe.
Não é apenas a água escura que é especial no Ruki, que tem cerca de 1 km de largura. A sua bacia hidrográfica, com quatro vezes o tamanho da Suíça, ainda é coberta por floresta tropical primária intocada. Ao longo de sua margem, existem grandes turfeiras contendo enormes quantidades de material vegetal morto não decomposto, o que as torna sumidouros de carbono significativos.
Apesar de sua singularidade e tamanho, o Ruki nunca foi estudado cientificamente. Embora os diferentes níveis sazonais de água do rio tenham sido documentados desde a década de 1930, nenhum dado sobre a sua composição química estava disponível até agora.
Assim, em 2019, os pesquisadores suíços montaram uma estação de medição perto da cidade de Mbandaka, a uma curta distância de onde convergem o Ruki e o Congo. Desde então, eles vêm medindo o fluxo da corrente e o nível da água a cada duas semanas para determinar a vazão anual.
As análises da água também confirmaram a impressão visual: o Ruki é um dos sistemas fluviais mais ricos em carbono orgânico dissolvido do mundo. A sua água contém quatro vezes mais compostos orgânicos do que a do rio Congo e 1,5 vezes mais que a do Rio Negro.
Embora a bacia do Ruki represente apenas um vigésimo de toda a Bacia do Congo, um quinto do carbono orgânico dissolvido no rio Congo provém desse afluente.
Fonte: Casa e Jardim