PF prepara nova fase e deve fazer mais Prisões na “Operação Maus Caminhos”

A Polícia Federal, Controladoria Geral da União (CGU) e Receita Federal (RF) estão prestes a deflagrar a segunda fase da “Operação Maus Caminhos”, que apura um desvio de mais de 100 milhões de reais do setor público no Amazonas.


As investigações apontam para um poderoso esquema de fraude e lavagem do dinheiro público desviado.

Os alvos, desta vez, devem ser novamente autoridades, profissionais da saúde e empresários ligados a chamada “máfia de grandes eventos”. As investigações estão em curso no Amazonas e em pelo menos outros oito Estados.

Já estão presos o médico e empresário Mohamed Moustafa, apontado como o chefão do grupo criminoso e outras pessoas que eram utilizadas por ele como “laranjas” em empresas que mantinham contratos principalmente no setor de saúde do Amazonas.

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Mas de acordo com as investigações em curso pela PF, CGU e RF, os tentáculos da organização criminosa iam bem além da área de saúde e envolviam também a chamada “máfia de eventos” que já está sendo investigada há algum tempo pelo pela Polícia Federal Paulista.

As investigações da PF,CGU e RF apontam para o envolvimento das empresas de Mohamed Moustafa com a empresa goiana Áudio Mix, pertencente ao empresário Marcos Araújo, e com a empresa Fábrica de Eventos, pertencente a empresária Bete Dezembro.

PF, CGU e RF já apuraram suspeita de faturamento no preço de ingressos e uma forte ligação do médico e empresário Mohamed Moustafa com o empresário Marcos Araújo, que gerencia a carreira de vários artistas sertanejos e com a empresária amazonense.

Essa ligação por ser comprovada na parceira de Marcos Araújo com a Fábrica de Eventos na realização do show Villa Mix, no dia 12 de marços no Sambódromo, em que se apresentaram artistas como Jorge e Mateus, Wesley Safadão e Simone e Simara.

Entre os alvos da próxima fase da “Operação Maus Caminhos” estariam alguns dos nomes investigados e que foram apontados em depoimentos recentes das pessoas presas na primeira fase da operação realizada principalmente em Manaus no mês passado.

O portal UOL publicou recentemente uma reportagem em que afirma que as investigações da chamada “máfia dos show” teve início em São Paulo. PF, CGU e RF apuram um esquema de fraude, compra e venda de shows públicos de grandes artistas.

Por enquanto há investigações em curso em São Paulo, Rio, Pernambuco, Bahia, Pará, Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte. No AM além do segmento de eventos, as irregularidades envolvem a área de Saúde.

Quem iniciou a investigação foi Thiago Lacerda Nobre, hoje chefe da Procuradoria Geral da República em São Paulo, e procurador da República em Santos. “Quando viajava a trabalho pelo interior de São Paulo comecei a perceber que algumas cidades minúsculas estavam fazendo eventos com artistas de renome nacional, cujos cachês eram caríssimos. Começamos a investigar porque não havia como aquelas cidades bancarem tantos shows e festas de peão. Acabamos descobrindo uma série de irregularidades, que envolviam não só as cidades, mas até o governo federal, que era fraudado por meio de convênios culturais”, afirmou o procurador em entrevista exclusiva ao UOL.
Modus operandi

A fraude mais comum, segundo o procurador, é aquela em que um atravessador recebe informação privilegiada de que esta ou aquela cidade fará uma grande festa (de aniversário por exemplo) e que a intenção é de contratar a dupla sertaneja “X”. De posse da data, o atravessador então se antecipa, entra em contato com a dupla e faz uma oferta de compra da data em questão.

Quando um funcionário da prefeitura entra em contato com o empresário da dupla, dizendo que a cidade tem interesse em contratar seus artistas, é informado que a data em questão já está vendida, e que a prefeitura deve procurar o empresário-atravessador. Não raro, a prefeitura acaba pagando um preço às vezes exorbitante pelo cachê dos artistas de seu interesse, porque o “atravessador” sabe que não há outras opções e “enfia a faca” no município.

O problema é que, segundo o Ministério Público Federal, há suspeitas de que muitos empresários e mesmo artistas decidiram entrar no “esquema” nos últimos anos. Há uma lista de empresas, empresários e artistas sendo investigados. Dezenas de sigilos fiscais já foram quebrados, com autorização da Justiça.

Técnicos da Receita Federal, por sua vez, estão cruzando dados de faturamento de artistas com dados declarados por prefeituras que os contrataram.

Máfia regionalizada

Segundo dados obtidos pela reportagem, a “máfia dos shows” está hoje instalada em ao menos oito estados. Em cada um deles, a máfia designou um “atravessador”, ou comprador de shows.

Sempre que uma cidade do interior desses estados quer comprar o show de algum grande artista, acaba sendo “obrigada” a tratar da contratação por meio do atravessador desse estado. Mesmo em alguns casos, contratações de artistas por empresas e locais privados também foram prejudicadas.

Os escritórios e suspeitos investigados pela força-tarefa estão atualmente localizados em São Paulo, Rio, Fortaleza, Recife, Manaus, Salvador, Belém, Natal e Teresina.
Outra modalidade de fraude que está sendo investigada envolve a contratação dirigida de empresas ligadas a funcionários públicos (de áreas como Cultura e Eventos) que vem mantendo monopólio no fornecimento de equipamentos e infraestrutura para grandes shows, como som, iluminação, segurança e até banheiros químicos.

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