Policiais e indígenas entram em confronto durante protesto em Brasília

Foto: Ana Paula do Amaral/COIAB

Indígenas e policiais militares e legislativos entraram em confronto, no início da tarde desta terça-feira (22), durante uma manifestação em frente ao Anexo II da Câmara dos Deputados, em Brasília. Imagens mostram a correria em meio ao ato. Pelo menos cinco pessoas ficaram feridas, três policiais – dois legislativos e um PM – e dois indígenas.


A Câmara dos Deputados afirma que os manifestantes tentaram invadir o prédio. Segundo o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), os policiais usaram bombas de gás lacrimogêneo e spray de pimenta para dispersar os manifestantes. Já os indígenas atiraram flechas contra os seguranças (veja notas na íntegra mais abaixo).

Segundo a Câmara, um policial legislativo foi atingido por uma flechada na perna e um servidor administrativo foi ferido no tórax. Ambos foram levados a um hospital particular na Asa Sul.

Um Polícia Militar levou uma flechada no pé. Ele foi atendido pela equipe médica da Câmara e liberado.

A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) disse que dois indígenas, um homem e uma mulher, ficaram feridos. Eles foram levados para o Hospital de Base e permaneciam em observação até a última atualização desta reportagem.

Segundo a PM, durante o ato, policiais legislativos do Congresso atiraram bombas de gás. Os militares foram acionados em seguida e chegaram ao local. A corporação afirma que a tropa de choque foi enviada para evitar mais confronto.

Policial legislativo é socorrido após ser ferido em protesto em Brasília — Foto: Reprodução

De acordo com a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, “os manifestantes vinham em marcha pacífica pela Esplanada dos Ministérios, quando foram recebidos com bombas de gás e efeito moral, a partir de uma barricada montada pelo Batalhão de Choque na entrada do Anexo 2 da Câmara”.

A confusão também provocou o bloqueio do trânsito em parte da via S2. O protesto foi contra a votação do PL 490, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados. A proposta dificulta a demarcação de terras indígenas (veja mais abaixo).

Também nesta terça, foram registrados atos contra a proposta em outros estados, como Acre e Alagoas e Bahia.

Indígena é socorrido por bombeiros após confronto em Brasília — Foto: Leo Otero

O que diz a Câmara Legislativa

Confira a íntegra da nota da Câmara Legislativa sobre a confusão:

“Por volta das 12h30 desta terça-feira, cerca de 500 indígenas, em sua maioria armados com flechas e tacapes, tentou invadir o Anexo II da Câmara dos Deputados. De início, eles derrubaram os gradis da entrada do edifício e os arremessaram contra os policiais legislativos.

Logo depois, várias flechas foram disparadas contra os policiais, ainda na tentativa de invasão do anexo. Os policiais legislativos repeliram os indígenas com bombas de efeito moral, gás de pimenta e gás lacrimogêneo. Não houve disparo de tiros ou qualquer tipo de agressão física contra os manifestantes.

Um policial legislativo foi atingido na perna por uma flecha e um servidor da área administrativa da Polícia Legislativa foi flechado no tórax. Ambos foram transferidos para um hospital privado do Distrito Federal.

Um policial militar foi flechado no pé, mas já foi atendido no Departamento Médico da Câmara e passa bem. O Anexo II da Câmara não foi ocupado. A situação está calma no momento e os indígenas não estão mais no local.”

O que diz a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib)

Confira a íntegra da nota da Apib sobre a confusão:

“Um grupo de indígenas, com crianças e pessoas idosas, foi atacado pela Polícia Militar, na tarde desta terça-feira (22), durante um protesto pacifico, em Brasília, contra a votação do Projeto de Lei (PL) 490/2007. A proposta que pode anular a demarcação de Terras Indígenas está na pauta da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados. Os ataques aconteceram no estacionamento do Anexo 2 da Câmara, com balas de borracha, bombas de gás lacrimogêneo e efeito moral.

Dois indígenas (um homem e uma mulher) estão sob observação no Hospital de Base em Brasília, com ferimentos graves. Uma dezena de crianças, idosos e mulheres tiveram ferimentos leves e estão em atendimento na tenda da saúde do Acampamento Levante pela Terra (ALT), ao lado do Teatro Nacional. O atendimento de urgência aos indígenas foi dificultado pela Tropa de Choque que estava no local, como registrado em alguns vídeos do momento do ataque.

Os manifestantes vinham em marcha pacífica pela Esplanada dos Ministérios, quando foram recebidos com bombas de gás e efeito moral, a partir de uma barricada montada pelo Batalhão de Choque na entrada do Anexo 2 da Câmara. Não houve nenhuma ação ou incidente da parte dos indígenas que justificasse a reação violenta dos policiais. Segundo informações, estavam no local equipes das polícias Legislativa, Militar e Batalhão de Choque, com forte aparato de repressão, inclusive presença de um ‘caveirão’ (carro blindado da Tropa de Choque) e cavalaria.

A marcha indígena faz parte do ALT, que está instalado ao lado do Teatro Nacional, há três semanas. Os cerca de 850 indígenas que participam da mobilização, de 48 povos diferentes de todas as regiões do Brasil, foram ao local para acompanhar a votação do projeto na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara.

“Os parentes só vieram manifestar para não ser aprovado o PL que vai acabar com a demarcação das terras indígenas, e a polícia já veio atirando bombas. Eles podem se reunir para tirar nossos direitos, mas quando a gente tenta se manifestar é tratado com truculência”, afirmou Alessandra Korap Munduruku. “Estamos aqui com crianças e idosos também, muita gente foi atingida, passou mal”, complementou.

“Fomos brutalmente atacados de forma covarde antes de chegarmos para acompanhar a votação. Nós temos indígena feridos e a polícia jogou bomba encima dos paramédicos dificultando o atendimento.”, ressaltou Dinamam Tuxá, coordenador executivo da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib).”

G1

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