A Política, em Tefé – Continuação (Por Raimunda Gil Schaeken)

professora Raimunda Gil Schaeken

 


professora Raimunda Gil Schaeken
professora Raimunda Gil Schaeken

Após 24 anos, já em 1982, vivemos a mesma euforia: Gilberto Mestrinho candidato ao governo do estado do Amazonas. Em Tefé, eu liderava a animação dos comícios, apoiando o candidato a prefeito, o esposo da minha prima Francisca Neuza, o agrônomo e hoje advogado Dr. Celso da Silveira, e seu vice, o cidadão Raimundo Nonato Silva, na mesma coligação de Afonso Rodrigues Alves e Benedito dos Santos Guimarães. Igualmente apoiávamos João Pedro Gonçalves, para Deputado Estadual e Arthur Virgílio Neto, para Deputado Federal. Formamos um grupo forte de professores conscientes e algumas lideranças, para tentar mudar a linha de pensamento do povo, que votava por troca de favores, a venda de voto e a pressão do patrão.

Era a campanha do voto consciente, dizendo que o voto era arma sagrada do cidadão, não podia ser vendido. Afinal nós queríamos dias melhores para a nossa cidade de Tefé, que outrora fora chamada a “Princesa do Solimões”.

Os comícios eram animados com as marchinhas adaptadas:

“Dr. Celso, queremos ver animação.

Dr. Celso, homem da oposição.

Nas eleições votaremos com fervor.

Em Celso da Silveira para ser o vencedor…”

“Está chegando, está chegando.

O dia 15 de novembro.

Votemos na oposição.

Celso Silveira e o Nonato

Vão entrar na Prefeitura

Com o Povo no coração

Não vote no PDS

Que é partido enganador.

Mas vote no João Hamilton

Pra ser nosso vereador”.

A chegada do Sr. Gilberto e caravana era animada com a música:

“Gilberto, Gilberto!

Valeu a pena a grande espera

Porque no governo você será a garantia.

A dona de casa, rainha do seu lar.

Encontra em você um chefe exemplar.

Para o trabalhador você não é patrão

Você é um amigo, você é um irmão.”

Muito interessante foi o debate realizado na TV Amazonas entre os dois candidatos ao governo. Naquele ano, eu dava aulas de português e ensino religioso à noite e justamente na noite do debate eu tinha todos os tempos ocupados. Parece que a minha vontade de assistir ao debate ajudou-me, pois um professor faltou e eu pude adiantar as aulas. Saí às pressas e cheguei na ocasião em que o Sr. Josué Filho, dirigia-se ao adversário da seguinte maneira:

– Prof. Mestrinho, o Sr. foi um péssimo administrador. Durante o seu último governo, faltava água, luz e carne. Eu mesmo entrei na fila por várias vezes para conseguir um mísero quilo de picadinho.

– O Sr. Gilberto respondeu com firmeza:

– Deixa de ser mentiroso, Josué, você nunca entrou em fila. Você era de família rica, se alguém entrava em fila, era a empregada de vocês, e não para comprar carne, porque naquela época eu mandava deixar ¼ de boi na sua casa, a pedido do meu compadre Josué Pai.

Eu me diverti muito com aquela resposta, principalmente porque apoiava Gilberto Mestrinho e contava os dias para eu mesma votá-lo, repetindo o desejo do meu falecido pai.

Gilberto Mestrinho foi eleito e infelizmente nossos candidatos a prefeito foram derrotados. Contudo, tínhamos esperança de ter um bom governo com as promessas cumpridas, o que não aconteceu, nos decepcionando cedo. Na primeira greve dos professores, que reivindicavam melhores condições de trabalho, promoção de cargos e salários, não tivemos o apoio esperado.

Nos dias de hoje, a política segue a linha dos antepassados, “mudam os santos, mas o andor é o mesmo”. A maioria dos eleitos, são os que prometem mais e têm dinheiro para comprar voto. Apenas, uma diferença: naquela época, havia a fidelidade partidária, isso que hoje não existe.

Por isso há uma indecisão na cabeça do eleitor. Até se ouve muitos dizerem que não acreditam mais em ninguém, que vão anular o seu voto, ou até mesmo votar em branco, uma vez que os candidatos trocam de partido, conforme seus interesses; numa eleição estão juntos e em outra, estão se agredindo. Gostei de ouvir no programa eleitoral de 2002, a frase do saudoso senador Jéferson Peres: “O bom candidato é aquele que tem vergonha na cara e amor no coração”.

Um dos critérios a ser observado no político é ver se ele está aberto à participação popular. Se as suas raízes estão fincadas em comunidades que sejam realmente democráticas porque aí é que o cidadão pode diretamente expressar sua vontade, seu pensamento, dizer o que ele quer…

Participar da política e votar são direitos de todos, garantidos pela Constituição Federal.

No dia 5 de outubro de 2014, realizar-se-á eleições gerais, para a escolha dos novos governantes e novos parlamentares. Serão escolhidos o Presidente da República, o Governador do Estado, um senador, oito deputados federais e os 24 deputados estaduais do Amazonas. As eleições serão importantes, porque os eleitos estarão governando nossas vidas, o dinheiro público e fazendo leis que podem beneficiar a todos.

Os senadores e os deputados federais trabalham no Congresso Nacional, em Brasília, e os deputados estaduais trabalham na Assembleia Legislativa do Amazonas. Todos são chamados de parlamentares e têm como principal trabalho fazer, modificar e aperfeiçoar as leis e fiscalizar o Governo, para verificar se tais leis estão sendo cumpridas e o dinheiro bem usado.

O Presidente da República e o Governador formam o Poder Executivo, governam o País e o Estado, respectivamente. Administram os recursos públicos e devem garantir a qualidade de vida do povo, com educação, saúde, segurança, previdência e tantos outros direitos.

Todos são chamados a servir e participar conscientemente da política.

(No próximo domingo, continuarei com o respectivo assunto).

RAIMUNDA GIL SCHAEKEN ( Tefeense, professora aposentada, católica praticante, membro efetivo da Associação dos Escritores do Amazonas –SSEAM e da Academia de Letras, Ciências e Artes do Amazonas – ALCEAR.)

 

 

 

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