População de Parintins está consumindo água com alumínio e chumbo, afirma estudo

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A situação da água distribuída nas torneiras de Parintins (município a 325 quilômetros de Manaus) é motivo de apreensão de pesquisadores. Os estudos mais recentes constataram níveis preocupantes de contaminação.


Estudo preliminar realizado por alunos do mestrado em Gestão e Regulação de Recursos Hídricos da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) no município, no ano passado, revelou o alto potencial Hidrogeniônico (pH) da água tratada. Os pesquisadores verificaram também contaminação por alumínio e chumbo em sete dos 28 poços do Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Parintins (Saae). O resultado da pesquisa foi enviado ao diretor do Saae, Nelson Campos, e ao Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam).

“Trata-se de uma análise prévia que precisa de aprofundamento. Não é motivo para alarme, no entanto, nosso dever é garantir a qualidade no fornecimento de água”, observa o professor Carlossandro Albuquerque, coordenador do curso de mestrado em Geografia da UEA.

Outro monitoramento, o Laudo de Medição Para Potabilidade realizado pela Companhia de Saneamento do Amazonas (Cosama) no começo deste ano, indicou presença de alumínio acima dos níveis estabelecidos pela Portaria nº 05/2017 do Ministério da Saúde (MS).

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Apesar disso, o diretor do Saae diz que em conversa com especialistas teve a informação de que não se trata de contaminação, “mas da presença de elementos químicos inerentes ao solo”.
“Nenhuma contaminação por coliformes totais ou fecais (ecoli) foi detectada em análises efetuadas em qualquer dos poços utilizados por esta autarquia para a captação e distribuição de água potável no município de Parintins”, disse Nelson Campos.

O laudo foi solicitado pelo deputado Sinésio Campos (PT), membro da Comissão de Geodiversidade, Recursos Hídricos, Minas, Gás, Energia e Saneamento da Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE-AM). No ano passado, moradores de Parintins pediram que o parlamentar tomasse providências em relação ao caso.

Estudos mais aprofundados sobre o tema devem ser realizados. “Vamos continuar buscando o apoio das instituições interessadas em contribuir com o nosso município”, sinalizou o diretor da Saae em Parintins.

O professor Carlossandro Albuquerque informou que um projeto mais detalhado de análise dos poços de Parintins está em fase de elaboração e conta com esforços articulados entre a UEA, o Ipaam, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e a o Serviço Geológico do Brasil (CPRM). “Trata-se de um trabalho a ser executado em duas etapas. Estamos em fase de espera, pois o Ipaam está verificando a viabilidade econômica da iniciativa, que inclui deslocamento de pessoas e compra de equipamentos”, destacou.

Nova análise

Entre os dias 22 a 26 do mês passado, Parintins e Barreirinha receberam supervisão e acompanhamento, realizado pela Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM), das atividades no Programa de Vigilância da Água de Consumo Humano (Vigiagua). A ação visa oferecer apoio técnico às secretarias municipais de saúde e demais atividades de monitoramento da qualidade da água distribuída à população. Os resultados das análises ainda não foram divulgados.

Histórico de contaminação

O histórico de casos envolvendo o fornecimento de água poluída ou contaminada em Parintins vem de longa data. Em 2005, enquanto acompanhava alunos do internato rural de Medicina, o professor Menabarreto Segadilha França solicitou ao CPRM a análise da potabilidade da água fornecida por lá. O resultado apresentou várias substâncias nocivas ao organismo, como alumínio, associado ao desenvolvimento do mal de Alzheimer, e nitrato de nitrito, que sinaliza a contaminação por matéria orgânica, como fezes.

A mistura do cloro (aplicado no processo de descontaminação) e nitrito produz trialometano, cujo consumo pode causar câncer do aparelho digestivo, com maior incidência no estômago. “Pedimos que a prefeitura de Parintins e o Ipaam desativassem os poços e solicitamos a construção de canais com maior profundidade. Só um poço foi construído pelo Governo do Estado”, relembra Menabarreto.

Cinco poços da cidade (que tinha um total de 19 à época) foram desativados naquele ano, mas, no ano seguinte, reportagem de A CRÍTICA mostrou que dois deles já tinham voltado a operar. À época, a prefeitura afirmou não ter sido informada da reabertura e mandou desativá-los novamente. O Ministério Público (MP-AM) abriu inquérito para investigar o caso e, posteriormente, a prefeitura assinou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) se comprometendo a perfurar mais poços para atender à população.

Fonte: AM News

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