Quando se tem um certo senso crítico, experiência de vida, uma carga de leituras ou, no mínimo, bom senso, é fácil perceber: a grande mídia constrói narrativas de acordo com determinados interesses. É o que Marx dizia, sobre como “as ideias dominantes de uma época são as ideias da classe dominante”.
Sem perceber, somos bombardeados diariamente com doses maciças de ideologia, que acabam nos condicionando e moldando nossa visão de mundo.
Por exemplo, um assunto muito em voga neste exato momento: a Venezuela, a propósito da posse de Nicolás Maduro nesta quinta (10) para seu segundo mandato como presidente do país. Quem vê as notícias tem a impressão de que o sujeito realizou um golpe de Estado, começou uma guerra civil ou outra amenidade qualquer. Ora, muito pelo contrário: Maduro foi reeleito em eleições democráticas sob escrutínio da comunidade internacional. “Ditador”, como a Folha costuma se referir a ele, por quê?
Ah, mas a oposição boicotou a eleição. Problema dela, oras. Aécio Neves também não se recusou a reconhecer a vitória de Dilma em 2014 e forçou uma espécie de “terceiro turno”? O inconformismo de derrotados não é suficiente para macular o processo democrático.
E, acusações de fraude por acusações de fraude, não precisamos ir até a Venezuela- aqui mesmo no Brasil tivemos o “zapgate” bolsonarista (ao que consta ainda sob apuração no Tribunal Superior Eleitoral) e, infâmia maior, que dizer da prisão de Lula, o líder disparado em todas as simulações eleitorais?
Preso, diga-se, por quem veio a se tornar ministro do adversário vencedor… É ridículo, portanto, ver “vestais da democracia” apontando o dedo para a Venezuela e se calando para o que acontece aqui do lado.
Darei uma dica do porquê a grande mídia, alinhada ao grande capital, precisar fazer de Maduro um “ditador”. A Venezuela possui a maior reserva de petróleo do mundo. Para bom entendedor meia palavra basta, não? É altamente incômodo, do ponto de vista geopolítico e econômico, para os EUA e aliados, que tal riqueza esteja sob controle de um governo “Bolivariano” que fala em socialismo e que defende a integração latino-americana de forma autônoma e independente.
Portanto é fundamental derrubá-lo (com todas as armas disponíveis, boicote, campanhas internacionais, terrorismo etc.) para substitui-lo por um lacaio subserviente, como Macri (que está levando a Argentina à miséria) e o próprio Bolsonaro (que defende o alinhamento automático a Washington, inclusive com instalação de base militar ianque em nosso território).
Quem é esperto – voltando ao início do texto – não cai nesse papo. Não podemos deixar que o “Jornal Nacional” paute nossa forma de ver o mundo.
Por Joycemar Tejo
https://www.topbuzz.com/user/6639890418581635078/publish
