O reajuste no preço do querosene de aviação (QAV) nos primeiros seis meses deste ano quase dobrou em relação ao mesmo período do ano passado, segundo levantamento feito pela CNN com base em dados da Petrobras.
O QAV acumulou um reajuste positivo médio de 33% no primeiro semestre de 2021. Já neste ano, o crescimento médio é de 64%. Em 2021, o querosene de aviação acumulou uma alta média de 77% no preço do metro cúbico.
Em nota, a companhia esclareceu que o reajuste no combustível ocorre mensalmente e está previsto em contrato com as distribuidoras.
O reajuste no preço do querosene praticado pela petroleira nas refinarias, no mês de junho, foi de cerca de 11% — o segundo maior deste ano. Em abril, a alta foi de 18%, registrando a maior variação mensal.
A empresa enfatizou ainda que “os preços de venda de QAV da Petrobras buscam o equilíbrio com o mercado internacional e acompanham as variações do valor do produto e da taxa de câmbio, para cima e para baixo”.
A Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) questionou a dolarização do combustível, que corresponde a mais de um terço dos custos do setor aéreo, e afirmou que o QAV no Brasil chega a ser 40% maior que a média global.
“Contribui para essa distorção a precificação do combustível, que cobra em dólares um insumo cujo nível de produção nacional é superior a 90%”, questionou a entidade.
“Em 2021, o país produziu 93% (ou 4,1 bilhões do consumo total de 4,4 bilhões de metros cúbicos) do QAV consumido e importou apenas 7%, segundo dados da ANP. Portanto, não faz sentido a parcela produzida no Brasil ser precificada pelos mesmos critérios do insumo importado”, completou.
Em polos da região Sudeste, como Minas Gerais e São Paulo, o preço do metro cúbico do QAV custava cerca de R$ 3.400 em janeiro deste ano.
Com o novo reajuste, o valor passa dos R$ 5.600, o que representa um aumento de 63% para distribuidoras. Já no Rio de Janeiro, o preço passou de R$ 3.300 no início do ano para R$ 5.600 em junho.
Em nota, a Petrobras reforçou que “o mercado brasileiro de combustíveis é aberto à livre concorrência e não existem restrições legais, regulatórias ou logísticas para que outras empresas atuem como produtores ou importadores de QAV.”
Para o presidente da Abear, Eduardo Sanovicz, as companhias aéreas têm sofrido uma pressão diária com a alta dos custos estruturais.
“O preço do QAV tem sido impactado pela alta da cotação do barril de petróleo no mercado internacional, por causa da guerra na Ucrânia. A valorização do dólar em relação ao real também é um desafio cotidiano, já que metade dos custos do setor são dolarizados”, afirmou o presidente.