Prefeitura de Manaus não terá receita suficiente para bancar despesas em 2018

Levantamento do G1 prevê déficit primário e aumento de 87% dos investimentos em 2018 - foto: Wikipédia

A prefeitura de Manaus prevê para o ano de 2018 um déficit primário de R$ 309 milhões em seu orçamento, mas projeta aumentar em 87,3% as despesas de investimento em relação a 2017 – a segunda maior variação entre as capitais, atrás apenas de Aracaju.


O déficit primário significa que as receitas, como impostos e transferências de estados e da União, não serão suficientes para bancar as despesas, como pagamento de pessoal e investimentos, sem contar as operações financeiras, como pagamento de juros e amortização de empréstimos. A diferença precisa ser coberta por novos empréstimos, caixa ou venda de ativos.

Levantamento do G1 prevê déficit primário e aumento de 87% dos investimentos em 2018 – foto: Wikipédia

Enquanto as despesas de investimento vão subir 87,3%, as despesas correntes – que pagam o custeio da cidade, como salários – terão aumento de 19,24% – o maior aumento previsto entre todas as capitais. Esse índice é menor que a inflação acumulada em 2017, de 2,95%.

A previsão de aumento da receita total também é expressiva: 15,56%, a segunda maior entre as capitais, atrás apenas, novamente, de Aracaju.

Os dados fazem parte de levantamento do G1 com base nas leis orçamentárias de 2017 e 2018 propostas e sancionadas pelos prefeitos após aprovação das câmaras municipais. Foram levados em contas as previsões iniciais estabelecidas nessas leis.

Em 2018, o orçamento aprovado de Manaus prevê:

• Receita total de R$ 4,77 bilhões, alta de 15,56% ante R$ 4,12 bilhões em 2017
• Déficit primário de R$ 309,8 milhões, ante um déficit de R$19,8 milhões em 2017
• Despesas de investimento de R$ 724,2 milhões, alta de 87,3% ante R$ 386,6 milhões em 2017
• Despesas correntes de R$ 4,3 bilhões, alta de 19,24% ante R$ 3,6 bilhões em 2017

A gestão do prefeito Arthur Virgílio (PSDB) afirma que o déficit primário elevado, de mais de R$ 309 milhões, ocorre devido a um alto volume de empréstimos para investimentos – a cidade trabalha com a previsão R$ 298 milhões dos investimentos com origem em operações de crédito.

“Vale destacar que, na execução orçamentária, parte dos investimentos será financiado com superávit financeiro de exercícios anteriores, gerando nas contas do município um déficit orçamentário, porém não resulta em déficit financeiro” disse a administração municipal.

A mesma razão é apontada para o aumento expressivo dos investimentos. Segundo a prefeitura, empréstimos que não se concretizaram no ano passado estão contabilizados na previsão de investimentos deste ano, gerando seu aumento. Em 2017, estava prevista a entrada de R$ 180 milhões de créditos para investimentos, mas apenas R$ 21 milhões efetivamente entraram no caixa da capital.

O G1 questionou a prefeitura se é razoável que quase boa parte do investimento seja baseado em operações que não foram concretizadas no ano passado. A gestão não respondeu.
Já o aumento expressivo da receita, segundo o município, é reflexo de uma previsão de bom desempenho do faturamento do Polo Industrial de Manaus – devido ao aumento de vendas de eletroeletrônicos (televisores) em ano de Copa do Mundo (que acontece entre junho e julho).

A prefeitura também credita o aumento da receita a previsões otimistas para a economia brasileira nos próximos anos e ao “forte trabalho de automação e modernização da administração tributária do município”.

G1

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