Presidente da Aleam cria projeto que prioriza cuidados com a voz

Presidente da Aleam cria projeto que prioriza cuidados com a voz/Foto: Divulgação

Eliana Santos é professora da rede estadual de ensino há sete anos. No entanto, ultimamente, sua rotina de trabalho tem sido interrompida por meio de recorrentes licenças para tratar de problema em sua voz. O motivo: uma disfonia crônica, ou seja, enfraquecimento e cansaço da voz. Por várias vezes, ela conta que precisou, por orientação médica, ficar sem falar e, consequentemente, impossibilitada de exercer sua profissão.


“Nos últimos dois anos eu já estive de licença, duas vezes, por conta de nódulos nas cordas vocais. Há muito tempo minha voz deixou de ser boa. No fim da tarde, eu já não consigo mais falar e do pescoço para cima dói tudo. Educador é um ser falante por natureza e ficar sem falar foi muito difícil para mim. Tive que fazer acompanhamento psicológico porque o afastamento me causou dor profunda e sentimento de inutilidade”, lembra.

Casos como o de Eliana são mais comuns do que se imagina. De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia (SBFa), de 5 a 8% da população do país, tem alguma dificuldade vocal que pode atrapalhar a comunicação. A ocorrência desses problemas aumenta em profissionais que utilizam a voz como instrumento de trabalho, como professores, cantores, radialistas, atores, políticos e líderes religiosos.

Para que situações como esta sejam minimizadas, o presidente da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), deputado David Almeida (PSD), apresentou Projeto de Lei (PL) que institui o Dia dos Cuidados com a Voz no Estado. De acordo com o PL, que já está tramitando na Casa, o dia 16 de abril será destinado para promover ações de prevenção e conscientização de cuidados com a voz em escolas e espaços públicos.

“Aproveitando a alusão ao Dia Mundial da Voz, comemorado no dia 16 de abril, propus que seja instituído o Dia dos Cuidados com a Voz, a fim de que sejam criadas no Estado do Amazonas, ações de conscientização e prevenção. De acordo com pesquisas recentes, 60% da população utiliza a voz como instrumento de trabalho e para esses profissionais, ter uma voz saudável é fundamental. O abuso ou mau uso da voz pode produzir sérios problemas de saúde”, explica David Almeida.

Presidente da Aleam cria projeto que prioriza cuidados com a voz/Foto: Divulgação

De acordo com a fonoaudióloga Célia Maria Rodrigues, do Centro de Referência Estadual em Saúde do Trabalhador (Cerest-AM), a disfonia, é o problema mais comum, e é causado, pelo mau uso da voz. Ela frisou que forçar, gritar e fazer uso de cigarros e bebidas destiladas estão entre as causas da doença. A profissional conta que a cidade de Porto Velho (RO) já tem um Projeto de Lei aprovado, e lá os casos de problemas com a voz já estão sendo combatidos com eficácia.

“É muito importante que esse projeto seja instituído. Se conscientizarmos a população, menos problemas com a voz vão fazer parte da nossa realidade. Aqui na região, os vendedores de peixe, que ficam gritando, têm muitos problemas, além dos professores. No interior do Estado existem poucos fonoaudiólogos e com a aprovação do Projeto de Lei pela Assembleia haverá uma expansão natural da atuação dos profissionais”, observa.

Professores são os mais afetados

Após uma pesquisa, com a aplicação de questionários em mais de 18 mil professores de escolas públicas de Manaus, a fonoaudióloga Cecília Rodrigues, constatou que 76% desses educadores têm sintomas de disfonia.

“Normalmente as salas não numerosas, têm o barulho do ar-condicionado e por isso, os professores aumentam o tom de voz para serem entendidos. Além disso, tem a questão do mofo, umidade. Tudo isso contribui para a disfonia. Se minha voz é o meu instrumento de trabalho e ela não está boa, vai gerar o afastamento do ambiente de trabalho, e consequentemente, prejuízo para o Estado. A maioria dos nossos pacientes estão afastados por problemas na voz. Esse problema pode ser minimizado se as informações se espalharem”, afirma, lembrando que o mau uso da voz, ao contrário do que muitos pensam, não causa câncer de laringe. “Câncer de laringe não é caudado pelo uso da voz, mas pela ingestão de bebidas e uso de cigarros”, completa.

Ação na Aleam

Na próxima terça e quarta-feira, dias 11 e 12, o Cerest-AM e a Faculdade Metropolitana de Manaus (Fametro), em parceria com a Aleam, realizam campanha com os servidores e parlamentares da Casa, com intuito de reforçar a importância de se ter alguns cuidados com a voz. Na ocasião, serão entregues panfletos de orientações, palestras e consulta para diagnosticar possíveis problemas.

“A nossa ação vai promover a entrega de panfletos com breves orientações no estacionamento e entrada principal da Assembleia. Terá também palestras e depois faremos uma triagem realizada pelos acadêmicos de fonoaudiologia da Fametro. Em casos com alteração na voz, nós vamos fazer encaminhamento para consulta e realização de exames com médico otorrinolaringologista, no Hospital Adriano Jorge”, explica Socorro Soares, uma das Coordenadoras da campanha.

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