Privatização dos Correios deve acontecer em 2022

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Os estudos sobre o modelo de privatização dos Correios devem ficar prontos somente no final do ano que vem, diz o presidente da estatal, Floriano Peixoto, em entrevista exclusiva à EXAME. Com isso, a expectativa é que o leilão dos Correios, uma das maiores estatais do setor de serviços do país, com 95.000 funcionários, seja realizado só em 2022. Os estudos incluem o cálculo do valor de mercado da estatal, que devem levar em conta o impacto da última greve, que durou 35 dias. Veja, a seguir, os principais trechos da entrevista.


Quando a consultoria contratada pelo BNDES para realizar os estudos de modelagem da privatização dos Correios deve finalizar as análises, incluindo o valuation da empresa?

O que temos em andamento é um estudo conduzido pelo BNDES e pela Secretaria Especial do Programa de Parcerias de Investimentos para avaliar cenários de desestatização do setor postal. De acordo com o planejamento estabelecido, esse estudo se estenderá até o final de 2021, com metas estabelecidas que deverão ser atingidas para a definição do que for mais adequado à empresa.

Em nota à EXAME, os Correios enviaram as seguintes informações adicionais: a primeira fase do estudo tem como objetivo o diagnóstico do setor, o levantamento de benchmarking de outros países e a proposição de alternativas para sua modernização. O relatório será entregue até o final deste ano e enviado ao Comitê Interministerial. Os estudos podem ser adiantados, conforme orientação do Governo Federal, tendo como observância o prazo máximo de 2021.

O senhor tem acompanhado pessoalmente esses estudos e participado das conversas com a consultoria a respeito do processo de valuation e o modelo de privatização da empresa? As reuniões têm acontecido com qual frequência?

Sim, tenho acompanhado os avanços do estudo, entendendo o papel da empresa como objeto do estudo. Os Correios têm contribuído com o Comitê Interministerial formado pela Secretaria Especial do Programa de Parcerias de Investimentos, BNDES, Ministério da Economia e Ministério das Comunicações, prestando informações e acompanhando as discussões junto ao Consórcio Postar, que está à frente da consultoria.

Os indicadores do balanço da empresa são essenciais para a elaboração do valuation. O senhor pode adiantar de quanto foi o lucro líquido, a receita, o prejuízo e o Ebtida dos Correios no primeiro semestre deste ano, em comparação ao mesmo período do ano passado?

Esses valores ainda não foram devidamente auditados e aguardam publicação.

Em 2019, o lucro líquido da empresa foi de 102,1 milhões de reais, 36% a menos do que em 2018. Por que o lucro caiu? E qual é a expectativa para este ano?

A diferença negativa do ponto de vista contábil se deve somente a passivos herdados de gestões anteriores. Podemos afirmar que a empresa teve resultados positivos e otimistas, atribuídos em grande parte às medidas estratégicas implementadas pela atual gestão, a fim de se assegurar a sustentabilidade financeira da empresa. Prevê-se que esses resultados positivos continuarão em 2020, com a racionalização de custos com despesas correntes.

Por falar em passivos, o auditor independente do balanço de 2019 apontou que não foi possível verificar o real montante desse indicador. Os Correios teriam mais de 6,8 bilhões de reais apenas de passivo trabalhista e com o fundo Postalis. O senhor conseguiu chegar a uma conta sobre de quanto de fato é o passivo?

A sinalização do auditor independente diz respeito ao risco jurídico relativo a causas trabalhistas que empregados dos Correios ingressaram contra a empresa, alegando má gestão no Postalis. O entendimento da empresa é que o esse risco é baixo, visto que as obrigações referentes aos planos de previdência complementar e saúde são calculadas mediante igual paridade entre as partes.

Fonte: EXAME

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