Proibição do Tráfego de carretas continua sendo um desafio, em Manaus

CMM discute tráfego de carretas, em Manaus/Foto: Robervaldo Rocha

A circulação de carretas com contêineres e caminhões pesados nas ruas da cidade, os acidentes de trânsito, entre eles o ocorrido com a carreta na avenida Humberto Calderaro Filho, que por pouco não provocou uma nova tragédia, assim como o início dos debates do Plano de Mobilidade Urbana de Manaus foram discutidos na Audiência Pública da Comissão de Transporte, Viação e Obras Públicas (COMTVOP) desta quinta-feira (28), na Câmara Municipal de Manaus.
A audiência foi conduzida pelo presidente da Comissão, vereador Rosivaldo Cordovil (PTN), que está levantando todos os dados sobre esse tipo de transporte, no sentido de apresentar soluções para o problema do trânsito ao Plano de Mobilidade Urbana de Manaus, a ser discutido a partir da próxima segunda-feira (1º de junho), com universidades.


Durante a discussão, que contou com a presença dos órgãos municipais ligados ao gerenciamento e à fiscalização de trânsito de Manaus, os vereadores cobram das autoridades a fiscalização rigorosa dos horários destinados ao tráfego de veículos pesados nas ruas da cidade. “São acidentes ocorrendo e o transtorno provocados por carretas e caminhões de grande porte que estão trazendo insegurança aos condutores, pedestres e afins”, disse o vereador Rosivaldo Cordovil.

Em Manaus já vigora portaria que proíbe a circulação de veículos pesados nas avenidas Constantino Nery e Djalma Batista, além de uma parte do Centro da cidade, nos horários compreendidos de 06h00 às 09h00 e de 16h00 às 20h00.

Para o diretor-presidente do Detran-AM, Leonel Feitoza, a cidade não comporta mais a circulação de veículos de carga pesada  nas principais avenidas e acha correto a delimitação de um horário para a circulação de cargas pesadas. Segundo ele, hoje mais de dez mil carretas e 2,5 mil cavalos mecânicos estão registrados para circular em Manaus. De acordo com ele, de janeiro a março, foram apreendidas 80 carretas e cavalos mecânicos com as mais diversas infrações, que vão desde mal estado de conservação a condutores sem habilitação e motoristas com a habilitação diferente com a categoria determinada para dirigir.

Para o diretor-presidente do Instituto Municipal de Engenharia e Fiscalização do Trânsito (Manaustrans), Paulo Henrique, o problema do trânsito é resultado de falta de infraestrutura, cujos investimentos estão abaixo do que a cidade precisa em termos de crescimento. Ele ressaltou que, com o Plano de Mobilidade Urbana, a população vai ter oportunidade de contribuir. Segundo ele, a Prefeitura tem avançado na restrição de circulação de carretas, mas não pode ser feita de forma drástica, pois vai mexer com a indústria (Polo Industrial de Manaus).

Além da proibição do tráfego desses veículos nas avenidas Constantino Nery e Djalma Batista, além de uma parte do Centro, fora dos horários estabelecidos, a partir de julho, também serão delimitados os horários para a circulação de carretas nas avenidas Mário Ypiranga Monteiro (antiga Recife) e Ephigênio Sales. Outras avenidas também devem entrar nessa lista de acordo com Paulo Henrique Martins, que defende também a sensibilização da população e condutores na cidade de Manaus, por meio de educação no trânsito.

O titular da Superintendência de Transportes Urbanos (SMTU), Pedro Carvalho, assegura que as coisas não podem ser resolvidas de uma hora para outra e que o País precisa de uma política nacional de transporte para que os recursos cheguem para a infraestrutura. Para ele, o Plano de Mobilidade Urbana, que começa a ser discutido, vai tratar sobre os problemas da cidade e soluções.

O representante da Federação das Empresas Logísticas, Transporte e Agenciamento de Cargas da Amazônia e também do Sindicato da categoria, Augusto Neto também concorda com a delimitação do horário, mas salienta que é preciso se pensar em abrir novas vias na cidade para dar infraestrutura para as empresas instaladas no Distrito.

Presidente do Sindicato dos Caminhoneiros e Carreteiros Autônomos de Cargas do Estado do Amazonas, Sérgio Alexandre, diz que busca solução para o problema, mas é contra restringir por restringir a circulação de carretas nas principais ruas da cidade. Segundo ele, o problema dos acidentes vão do armazenamento de carga, sobrecarga nos contêineres adaptados e manutenção dos veículos (pneus carecas). Para ele, o transporte de carga precisa de responsável técnico das empresas, para que, em caso de acidente, seja responsabilizada a empresa e não apenas o motorista.

Também se fizeram presentes Grece Melo, representante do Sest/Senat; Marcos Fabio Izel, membro do Conselho de Moradores do Japiim 2; e o representante da Polícia Rodoviária Federal, Denny Vital. Marcos Izel, pediu providências para o tráfego pesado de carros e caminhões pelas ruas do conjunto 31 de Março, que leva perigo aos moradores, pois as ruas não são adequadas.

Debate

Assim como Rosivaldo Cordovil, vereadores como Waldemir José (PT), Felipe Souza (PTN), Pastora Luciana (PP), Professor Bibiano (PT), Francisco da Jornada (PDT) e Jaildo dos Rodoviários (PHS), presentes na reunião, se posicionaram fazendo questionamentos sobre práticas de fiscalização e pedindo ações mais enérgicas no trânsito para evitar acidentes.

Jornada, por exemplo, frisa que o debate é bom, deve ser discutido com maior profundidade, mas as medidas devem ser tomadas com responsabilidade para que não venha prejudicar o abastecimento das empresas do Polo Industrial de Manaus (PIM).

Após ouvir do diretor do Detran-AM, Leonel Feitoza, que os acidentes estão acontecendo mais em função da imprudência, álcool e irregularidades provocadas por motoristas inabilitados, Felipe Souza (PTN) diz que não se pode jogar toda a culpa da atual situação do trânsito no Poder Público. Ele acha que se os empresários permitem transportarem suas cargas por pessoal sem habilitação têm sua parcela de culpa pelo que está acontecendo no trânsito. “O que não dá é aceitar os inúmeros de acidentes e mortes no trânsito. Não serei omisso, não interessa quem será atingido. A população não pode sofrer as consequências dos inconsequentes. Que o Detran intensifique as blitze e que o Manaustrans aumente o seu efetivo para realizar mais ações e coibir essas infrações”, disse ele, defendendo a restrição de carretas e caminhões em alguma avenidas.

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