Projeto ajuda a estruturar cadeias produtivas que mantêm floresta em pé

Foto: Imaflora/Aloyana Lemos

São Paulo – Uma iniciativa que faz parte do programa Florestas de Valor, do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), contribuiu para estabelecer um modelo justo de comercialização do óleo de copaíba junto a comunidades quilombolas da região Norte  do Pará, região também conhecida como Calha Norte do Rio Amazonas. A região ocupa 22% do estado e abrange nove municípios: Alenquer, Almeirim, Curuá, Faro, Monte Alegre, Óbidos, Oriximiná, Terra Santa e parte do município de Prainha.


Há 15 anos o Imaflora desenvolve ações na região junto a comunidades tradicionais, indígenas e quilombolas, tendo contribuído para a criação de Unidades de Conservação e na estruturação local de cadeias produtivas como as da castanha-do-Brasil, do óleo de copaíba e do cumaru, além da promoção de técnicas de agricultura sustentável junto a agricultores familiares, que passaram a fornecer parte da produção para o programa de alimentação escolar.

Foto: Imaflora/Aloyana Lemos

Em 2006, quando o Imaflora iniciou sua atuação na região Norte do Pará, a comercialização do óleo de copaíba, que faz parte da medicina tradicional dos quilombolas, acontecia principalmente na região do Alto Trombetas, em Oriximiná, mas o preço pago pelos atravessadores era extremamente baixo. O Imaflora promoveu então a aproximação das comunidades com grandes empresas, prescindindo dos atravessadores e garantindo um preço justo para a produção.

Outro aspecto importante para a estruturação local da cadeia produtiva foi a constituição de um capital de giro, a partir da doação de uma das empresas compradoras, o que permitiu que os produtores pudessem receber a remuneração aos extrativistas no ato da entrega de sua produção, mesmo antes que todo o lote contratado estivesse concluído. Isto porque, como a produção de copaíba acontece ao longo de todo o ano, mas seu volume varia de extrativista para extrativista com períodos de maior e de menor extração ao longo do ano, os extrativistas comercializavam sua produção junto aos atravessadores por estes pagarem no ato da entrega de cada volume independente de quantidade, o que dificultava que o grupo organizasse uma comercialização coletiva em volumes maiores.

O Imaflora também contribuiu para estabelecer critérios ambientais para a produção, como a identificação das copaibeiras a serem exploradas para organizar  o rodízio das árvores exploradas, com intervalos de pelos menos dois anos entre cada extração; a quantificação do volume coletado; e a adoção de medidas como o torneamento ou vedação do furo feito no tronco para extrair o óleo.

Foto: Imaflora/Aloyana Lemos

Atualmente, os extrativistas que participam dessa iniciativa recebem, no ato da entrega do produto ao entreposto local, um valor 40% superior ao praticado pelos atravessadores que atuam na região. “A consolidação da cadeia da copaíba na região possibilitou o desenvolvimento de um produto pronto para as prateleiras, que leva a marca desses povos. Todo esse trabalho tem atraído diversas empresas interessadas em absorver produção excedente de copaíba”, conta Léo Ferreira, Coordenador de Projetos do Imaflora na região. Até 2020, foram comercializados, com apoio do Imaflora, aproximadamente 14 toneladas de óleo de copaíba, o que movimentou um total de R$ 760 mil para as comunidades extrativistas abrangidas pelo Florestas de Valor.

Sobre o Imaflora

O Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) é uma associação civil sem fins lucrativos, criada em 1995 sob a premissa de que a melhor forma de conservar as florestas tropicais é dar a elas uma destinação econômica, associada a boas práticas de manejo e à gestão responsável dos recursos naturais. O Imaflora busca influenciar as cadeias produtivas dos produtos de origem florestal e agrícola, colaborar para a elaboração e implementação de políticas de interesse público e, finalmente, fazer a diferença nas regiões em que atua, criando modelos de uso da terra e de desenvolvimento sustentável que possam ser reproduzidos em diferentes municípios, regiões e biomas do país. Mais informações: www.imaflora.org

 

Artigo anteriorHomem em carro azul executa jovem a tiros no Santa Etelvina
Próximo artigoCom a cheia, prejuízos agrícolas já ultrapassam R$ 200 milhões

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui