Projeto Apice On vai mudar a concepção de parto nas maternidades públicas

Foto: Arquivo pessoal

A Maternidade Moura Tapajóz, da rede municipal de saúde, foi selecionada para desenvolver o projeto Apice On – Aprimoramento e Inovação no Cuidado e Ensino em Obstetrícia e Neonatologia, do Ministério da Saúde, e que terá a Universidade Federal de Minas Gerais como instituição executora. Em todo o país, apenas 95 instituições vão participar por se enquadrarem nos critérios estabelecidos pelos idealizadores. Em Manaus, além da Moura Tapajóz, também foram selecionadas as maternidades estaduais Ana Braga e Balbina Mestrinho e o Instituto da Mulher Dona Lindu.


O projeto propõe a qualificação da atenção obstétrica e neonatal em hospitais de ensino, universitários ou que atuem como unidade auxiliar de ensino no âmbito da Rede Cegonha. A Moura Tapajóz se enquadra no critério de mais de mil partos realizados em 2015, que aderiu à Rede Cegonha e recebe incentivos de custeio.

“É um avanço para um serviço que já vinha sendo proposto com a Rede Cegonha desde 2011, mas já estamos em 2017 e não são todas as unidades que conseguem trabalhar nessa guia. O Apice On vem para fortalecer o ensino e mudar a concepção na academia e, com isso, num futuro bem próximo, em curto prazo, eu diria, nós teremos profissionais formados com outra concepção de todo o processo, desde a gestação até o pós-parto”, ressaltou o secretário municipal de Saúde, Marcelo Magaldi, que assinou o termo de compromisso em Brasília, na última quinta-feira, 17/8.

Foto: Arquivo pessoal

Apice On tem, entre suas diretrizes, a vinculação da gestante ao local do parto, a garantia de privacidade, conforto e acesso a boas práticas de cuidado ao parto e nascimento, o direito a acompanhante durante todo o processo de gestação e a atuação da enfermagem obstétrica e obstetrizes na condução de partos de baixo risco.

A meta é qualificar o ensino e o exercício da obstetrícia e neonatologia, com base nas melhores evidências científicas – ou seja, uma mudança na concepção de parto. Isso inclui a oferta de anticoncepcional pós-parto, ou seja, a implantação do Dispositivo Intrauterino (DIU), imediatamente após o parto.

“É um projeto realmente voltado para as melhores evidências científicas. Hoje, nossa prática ainda é aquela com a qual os profissionais foram formados desde sempre, uma prática cartesiana, que é a atividade acadêmica, que se repete durante anos e que foi pautada, com relação ao parto-nascimento, numa série de ações que podem ser consideradas ‘autoritárias’, que via a mulher no processo de parto como uma paciente. Esse processo agora se volta para uma mulher ativa, empoderada. É ela quem está dando à luz e os profissionais apenas auxiliam, dão assistência. Ela deve ter liberdade para escolher a posição para o parto, liberdade para escolha da alimentação, a dieta passa a ser livre e poderá comer na hora em que quiser”, apontou a diretora da Maternidade Moura Tapajóz, enfermeira Angélica Marocchio.

Uma das ideias do Apice On é que aumente a proporção de partos assistidos por enfermeiros obstetras, o que vai conferir à Enfermagem, um papel importante nesse processo, ampliando o campo de práticas para o enfermeiro-obstetra. Hoje, os médicos-obstetras estão sobrecarregados em alguns serviços de saúde, por estarem em número reduzido. São poucos médicos-obstetras e muitos partos. Com o parto humanizado, haverá a participação direta do enfermeiro-obstetra.

Resultados beneficiam parturientes

O projeto Apice On será desenvolvido até o mês de agosto de 2020. Os resultados esperados preveem a abolição ou redução de práticas rotineiras, consideradas não aconselháveis, como a realização de episiotomia (incisão efetuada na região do períneo para ampliar o canal de parto); uso de ocitocina para condução do trabalho de parto; aplicação da manobra de Kristeller (aplicação de força na parte superior do útero em direção ao canal de parto, para encurtar o trabalho de parto, quando um médico ou enfermeiro faz força, com as mãos ou o braço, na parte superior da barriga da grávida, durante as contrações, para ajudar o bebê a descer); realização de lavagem intestinal antes do parto; e a tricotomia, que é a raspagem dos pelos pubianos.

“A mulher vai poder escolher como ter seu filho. Muitas vezes, as mulheres querem o parto cesariano com medo de sentir dor. É essa sensibilização que iremos fazer e trabalhar o alívio da dor. Há toda uma questão psicológica que vem desde o preparo dessa mulher para esse trabalho de parto mais humanizado, mais assistido, no qual o profissional de saúde dá o apoio e a mulher não fica no leito sozinha. Além do profissional, haverá, ainda o acompanhante que ela escolher”, destacou a enfermeira Angélica Marocchio.

 

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