Projeto visa aumento e diversificação da produção no interior do Amazonas

Produção de farinha, em Maués/Foto: Felipe Rosa
Produção de farinha, em Maués/Foto: Felipe Rosa
Produção de farinha, em Maués/Foto: Felipe Rosa

Maués é conhecida como a terra do guaraná. Mas, os agricultores do município estão dispostos a diversificar os seus plantios, implantando culturas que podem ser fundamentais para a segurança alimentar e aumento da renda familiar, assim como para melhoria da qualidade e quantidade dos produtos que abastecem os diferentes mercados locais. Um projeto que vai levar novas tecnologias de cultivo aos produtores pretende alavancar a produção e oferta de alimentos no campo e na cidade, tendo como foco central o compartilhamento de conhecimentos.

O trabalho – que está começando a ser implantado em Maués, município do interior do Amazonas distante 268 quilômetros da capital Manaus – é realizado por meio de uma parceria entre os agricultores e técnicos, pesquisadores e representantes de diversas instituições. Em conjunto, os atores que compõem o projeto definiram como estratégia inicial a implantação, em diferentes localidades, de Unidades Demonstrativas (UD) de mandioca/macaxeira, banana, abacaxi e hortaliças em cultivo protegido.


Nas UDs, que vão ser estruturadas em propriedades de agricultores localizadas em pontos estratégicos do município, as entidades parceiras do projeto vão demonstrar tecnologias que possibilitam a melhoria da produção e o alcance de produtividades altas em cada cultura, como preparo do solo, espaçamento correto de plantio, seleção de cultivares e tratos culturais, entre outras. As Unidades, após estabelecidas, servirão como modelo para outros produtores rurais do município, multiplicando os conhecimentos nelas depositados.

Segundo o pesquisador da Embrapa, Jeferson Macedo, as tecnologias implantadas em uma Unidade Demonstrativa são, geralmente, simples, mas têm o potencial de transformar a produção e a realidade de famílias agricultoras e comunidades rurais. “O que vamos implantar nessas Unidades Demonstrativas é conhecimento. São coisas simples, como ajustar um espaçamento, corrigir o solo ou trabalhar com cultivares mais produtivas e resistentes a doenças. Mas depois que o agricultor aprende a fazer, ele precisa cada vez menos de assistência técnica e segue com as próprias pernas”, destacou.

Para o agricultor da região do Urupadi, interior de Maués, Adeílson Gomes, com esse apoio, os agricultores vão fazer o trabalho render mais. “É dessa forma, com a união de todos, que vamos conseguir multiplicar os conhecimentos e a nossa produção. O pessoal estava cansado de trabalhar tanto e ter pouco resultado. Com essas tecnologias que chegam da Embrapa, sem dúvida a situação vai melhorar muito. E esse conhecimento que chega ninguém vai tirar de nós. Vamos trabalhar muito para que o nosso povo possa produzir de forma mais digna”, acrescentou.

Para o gerente do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Amazonas (Idam) em Maués, Ademir Bentes, o projeto é uma forma de levar a assistência técnica para as comunidades rurais de forma mais eficiente, pluralizando informações. “Este trabalho vem atender a uma demanda dos agricultores, que é a proximidade com as instituições de extensão rural e pesquisa. Nada mais justo que os parceiros se integrem com esses agricultores, com o objetivo comum de fortalecer a agricultura familiar em Maués e, com isso, conseguir de alguma forma melhorar a qualidade de vida do produtor, por meio do aumento da quantidade e qualidade da produção”, falou.

Conforme o secretário de Fomento à Produção e Abastecimento de Maués, Ornan Alencar, o município hoje importa muitos alimentos, e tem sua agricultura baseada fundamentalmente na produção de guaraná e mandioca.  “Identificamos a necessidade de o nosso agricultor familiar diversificar o seu trabalho, não apenas para enriquecer a sua mesa, com produtos variados, mas também para abastecer os mercados e aumentar sua renda, para ter o melhoramento de sua qualidade de vida. Este modelo já foi testado em outros municípios e foi um sucesso e isso nos dá a esperança para podermos fazer uma agricultura com menos agressão à natureza, mais produtiva e mais diversificada”, disse.

União de esforços

O projeto é uma união de esforços, que reúne agricultores e a Embrapa Amazônia Ocidental, Idam, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (Ifam) e Prefeitura de Maués. “Estamos vivendo um momento aqui em Maués em que nunca antes as instituições estiveram tão unidas como agora. Então o ambiente é totalmente favorável para implantarmos este tipo de trabalho. Ao mesmo tempo, temos consciência de que o trabalho não é de nenhuma instituição, mas sim do agricultor, ele que vai ser o grande centro das atenções”, destacou o supervisor do Campo Experimental da Embrapa em Maués, Ribamar Cavalcante.

O exemplo de Parintins

Em Parintins, o Núcleo de Apoio à Transferência de Tecnologia e à Pesquisa do Baixo Amazonas (NAPTT), coordenado pelo pesquisador Jeferson Macedo, vem realizando, também com apoio de diversos parceiros, um trabalho muito parecido com o que começa a ser implantado em Maués. Por lá, as ações, a cada dia, têm ganhado mais força e adesão dos produtores, que já abastecem as feiras locais e mercados institucionais, como o Programa Nacional de Alimentação Escolar, o Programa de Aquisição de Alimentos e o Programa de Regionalização da Merenda Escolar.

“Nós podemos produzir aqui e pelo menos abastecer nossos mercados locais. Em Parintins temos trabalhado a questão da diversificação, estimulando o produtor a usar uma área para trabalhar com diversas culturas. Além de banana e mandioca, os agricultores estão plantando graviola, abacaxi, melancia, maracujá, pimenta, e diversas outras coisas”, destacou Jéferson.

O chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Amazônia Ocidental, Ricardo Lopes, destaca que as demandas dos agricultores de Maués foram levantadas e foi decidido começar o trabalho com as culturas da mandioca, abacaxi, banana e hortaliças. “Com o tempo, no entanto, o objetivo é expandir este trabalho em Maués, seguindo o exemplo de Parintins, integrando outras culturas de interesse. O trabalho nas Unidades vai ser conduzido pelos agricultores, cabendo às instituições colaborar para que seja tudo feito dentro de padrões técnicos visando à obtenção do resultado esperado”, ponderou.

Artigo anteriorAC: Marido é preso suspeito por morte de engenheira
Próximo artigoLucinha canta sucessos dos anos 80 no Botequim, nesta sexta (29)

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui