Proteção de Moro a Flávio Bolsonaro foi prevista por Dallagnol

Proteção de Moro a Flávio Bolsonaro foi prevista por Dallagnol - Foto: Reprodução

O presidente Jair Bolsonaro ter dito ontem segunda-feira (3) que não “interfere nas questões do Judiciário” não foi novidade alguma para quem acompanha as denúncias da Vaza Jato publicadas regularmente pelo The Intercept Brasil.


Ele sabia desde sempre que poderia contar com a proteção do ex-juiz e atual ministro da Justiça Sérgio Moro.

Bolsonaro comentou relatório da Polícia Federal (PF) que afirma não haver indícios de crimes de lavagem de dinheiro e falsidade ideológica no inquérito eleitoral que investiga o senador Flávio Bolsonaro (Sem Partido-RJ) nas negociações de imóveis e na declaração de bens na eleição de 2018.

“Pergunta pra PF, eu não me meto nas questões do Judiciário”, disse Bolsonaro, ao ser indagado sobre o caso.

Moro vai bancar a pauta Anticorrupção?

Em lote de conversas privadas entre procuradores do Ministério Público Federal divulgadas em julho, o Intercept já previa a postura de Bolsonaro e também de Moro. Os diálogos revelam que o chefe da força-tarefa da Lava Jato, Deltan Dallagnol, sugeriu aos colegas que Moro protegeria Flávio Bolsonaro nas investigações sobre o caso Queiroz para não desagradar o presidente e para garantir uma possível indicação para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF).

Nas conversas, que datam de janeiro deste ano, fica explícita a percepção de Dallagnol de que o senador cometeu crime de corrupção quando foi deputado estadual. O filho do presidente é investigado no Rio de Janeiro por movimentações atípicas em sua conta e na de seu ex-assessor, Fabrício Queiroz, e tudo indica que o parlamentar capitaneava um esquema financeiro ilegal em seu gabinete.

“É óbvio o q aconteceu… E agora, José?”, escreveu Dallagnol em um grupo de procuradores logo depois de compartilhar a notícia de que Fabrício Queiroz havia feito um depósito de R$24 mil na conta da primeira-dama Michelle Bolsonaro. “Seja como for, presidente não vai afastar o filho. E se isso tudo acontecer antes de aparecer vaga no supremo?”, escreveu.

“Agora, o quanto ele vai bancar a pauta Moro Anticorrupção se o filho dele vai sentir a pauta na pele?”, questionou o procurador.

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