
O PT já pode ser considerado o grande perdedor nas eleições de domingo próximo. No chamado Triângulo das Bermudas, Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, região que concentra o grosso do eleitorado brasileiro, não chegará sequer ao segundo turno. Seus candidatos a prefeito têm desempenho pífio, como revelam as pesquisas eleitorais. No Rio de Janeiro, com seu aliado fundamental, o PC do B, e a candidata Jandira Feghali, amarga índice de 7%. Em São Paulo, Fernando Haddad, que disputa a reeleição, não vai além dos 11%. E em Minas, com Reginaldo Lopes, o quadro é vexat&oac ute;rio, ao aparecer com não mais do que 4% das intenções de voto.
No Rio de Janeiro, com a presença de Dilma e Lula nos comícios e na campanha de Jandira, a comunista caiu nas pesquisas. Em São Paulo, Haddad esconde Lula e o PT, deixando de lado a estrela na lapela e as cores do partido, tanto quanto possível. Em Minas, não se vê o menor resultado em benefício de Lopes, onde o petismo dispõe da máquina do Estado, com o governador Fernando Pimentel embrulhado até o pescoço em denúncias de corrupção e em processos no Superior Tribunal de Justiça.
Nos outros Estados, com uma ou outra exceção observada no Nordeste, a situação se repete. Portanto, desastre eleitoral à vista, que contamina as demais legendas vinculadas ao lulopetismo. PSOL, Rede e PC do B, como atores no campo da esquerda mais radicalizada, experimentarão derrotas acachapantes, em níveis similares ou bem mais graves do que acontece com o desempenho da direita empedernida.

Nestas eleições, qualquer identificação com o lulopetismo mostra-se fatal, passada ou presente.
É o que ocorre, com o partido de Marina Silva, uma costela de Lula, que carrega como marca indelével. A Rede, em São Paulo, com o fraquíssimo candidato Ricardo Young, não alcança sequer 1% do eleitorado. No Rio, com Alexandre Molon, tem-se idêntica e vergonhosa aferição, sem que o partido consiga pelo menos figurar em Minas, com reflexos profundos sobre as ambições megalômanas e insustentáveis da ex-seringueira acriana. Bem, quem conhece Marina, não vota em Marina, como o fazem seus conterrâneos no Norte do país.
Seguindo igual frequência, Marta Suplicy, que disputa pelo PMDB a Prefeitura de São Paulo, acaba de despencar nas pesquisas, exatamente em homenagem à sua biografia, com origem no lulopetismo, em função do qual fez carreira política. De nada adianta estrebuchar ou tentar responsabilizar o presidente Temer por seus insucessos, porquanto as medidas impopulares do governo federal não foram ainda implementadas. Anunciadas timidamente, não tiveram tempo ou oportunidade de chegar ao eleitorado. A performance sofrível da candidata, sem dúvida, deve-se única e exclusivamente às suas ligações históri cas com o PT, Lula e outros da espécie, com o apoio dos quais elegeu-se prefeita da capital paulista e senadora da República.
Na política, como na vida, tudo tem seu preço. E, mais cedo ou mais tarde, a conta chega. O lulopetismo e suas lideranças políticas de maior expressão são agora cobrados de forma inelutável. Pagam o custo da incompetência e da corrupção, de 12 milhões de desempregados, da inflação em alta, do descontrole da economia e da recessão. Levaram o país ao naufrágio, mergulhando-o na involução de uma quadra perdida, cuja recuperação demandará no mínimo uma década de sacrifícios e tormentos para o povo brasileiro.
Vencido o Mensalão do PT, um crime de largas proporções contra a democracia, atos delituosos de compra de adesão parlamentar ao projeto de poder lulopetista no Congresso Nacional, com a condenação dos culpados pelo Supremo Tribunal Federal, o Petrolão ainda anda em curso. Estará amanhã nas urnas, ao lado de cada eleitor, fustigando-lhe a consciência na hora do voto, em nome da ética e da decência no trato da coisa pública. Afinal, não há como esquecer o maior escândalo da história de desvio e apropriação de recursos do erário, revelado pela Lava-Jato, fruto d a coragem e da determinação dos investigadores da Polícia Federal e da ação do Ministério Público e do Poder Judiciário.
É no conjunto da obra, que envolve Lula e Dilma, criador e criatura, que repousam as causas da inevitável e fragorosa derrota do PT, de seus candidatos e legendas assemelhadas, com a clara sinalização de que fatos intoleráveis dessa natureza que não podem mais se repetir. Que sirva de dura lição aos partidos e aos políticos, que nunca estiveram tão em baixa no conceito da sociedade. E quem avisa, amigo é, como diz o velho adágio. No caso, o povo, em grandes manifestações de rua pelo Brasil afora.(Paulo Figueiredo é Advogado, Escritor e Comentarista Político – [email protected])