Que tiro foi esse? – por Flávio Lauria

Flávio Lauria é professor universitário e consultor de empresas.

Desanima o escritor saber que a maioria das pessoas, independentemente do nível socioeconômico, nada lê e que no universo dos leitores ativos poucos se debruçam sobre textos de boa qualidade. Até na universidade é expressivo o número dos que lêem sem conseguir entender textos de pouca complexidade expositiva e argumentativa.


Bombardeados por apelos visuais irresistíveis, crianças e adolescentes resistem cada vez mais à leitura e começam a ouvir péssimas músicas. O insinuado, o dedutível, o que vai além do literal banal, fica mergulhado nas sombras da incompreensão. Por conseguir detectar no texto apenas o pouco que já sabe, o leitor deixa de com ele aprender alguma coisa.

Daí a leitura despontar como algo tedioso, uma sopa de palavras sem encanto e sem a dimensão de um espaço de reflexão capaz de ensejar uma fecunda interação entre o autor e o receptor. Se formos falar de referência também da música, aí é que a coisa pega.

Se lembrarmos cantoras como Elis Regina, Maria Betânia, Carmem Miranda, Gal Costa, Ângela Maria, Nara Leão, Clara Nunes, Maysa, Beth Carvalho, Simone, Ana Carolina, Elza Soares, Dalva de Oliveira, Zizi Possi, Zélia Duncan, Maria Rita, Emilinha Borba, Isaurinha Garcia, pra ficar em apenas algumas, tínhamos letras e músicas maravilhosas. Mas aqui pra nós, colocar a cantora Anita como símbolo sexual do Brasil e chama-la para ser a cantora com mais capacidade para representar nosso país, passa da exploração sexual para a idiotização.

Professor Flávio Lauria (AM)

Dizer que isso é letra de musica: Vai, malandra, an an Ê, tá louca, tu brincando com o bumbum An an, tutudum, an an Vai, malandra, an an Ê, tá louca, tu brincando com o bumbum An an, tutudum, an an Tá pedindo, an, an Se prepara, vou dançar, presta atenção An, an tutudum an, an Cê aguenta an, an Se eu te olhar Descer, quicar até o chão”, é brincar com a musica brasileira, jogando seus vômitos para uma população que não tem senso crítico, uma população medíocre que escuta estas baboseiras só porque todo mundo escuta.

Chega disso! Vamos aprender a filtrar o que a gente escuta por aí e apreciar as músicas boas! Vamos deixar essa mediocridade apenas para os que insistem em ser medíocres! A sensibilidade artística é algo que está se tornando artigo do luxo no mundo de hoje. Por isso que estamos vivendo essa decadência da música. Quase todos só querem ouvir músicas internacionais.

Não estou condenando as músicas internacionais, não é isso. Eu também escuto muitas. Eu estou questionando aqueles indivíduos medíocres que pensam que as únicas músicas boas são as internacionais. Eu fico muito triste ao ver tanta gente que não se abre para conhecer melhor as músicas nacionais. É uma pena. Essas pessoas estão deixando de apreciar uma beleza magnífica. Epa que tiro foi esse?

Flávio Lauria Professor Universitário e Consultor de Empresas [email protected]

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