Restaurante pode proibir crianças? Entenda as regras para clientes e donos

Limitar o acesso de crianças a locais como restaurantes e pousadas pode trazer sossego aos atuais frequentadores, mas também criar muita polêmica nas redes sociais e afugentar potenciais novos clientes.


Foi o que aconteceu com o Brunch Cantareira, que fica em Mairiporã, na região metropolitana de São Paulo.

Não se trata de um restaurante convencional: um casal que mora em meio à serra da Cantareira começou a organizar encontros gastronômicos uma vez por mês; para participar, os interessados precisavam fazer reserva por e-mail (inclusive, entrar na fila de espera) e pagar em torno de R$ 80 pela refeição.

crianca-bronca-proibicao-1478646790228_615x300-1

Entenda a polêmica

No final de outubro, porém, o negócio virou alvo de críticas após vir à tona uma publicação feita no Facebook em 2014. No post, o Brunch Cantareira informava que não permitia a presença de crianças menores de 14 anos, por questões de segurança, nem de animais, por questões de higiene.

No final de outubro, porém, o negócio virou alvo de críticas após vir à tona uma publicação feita no Facebook em 2014. No post, o Brunch Cantareira informava que não permitia a presença de crianças menores de 14 anos, por questões de segurança, nem de animais, por questões de higiene.

“Mesmo que eles não entendam…..se rebelem….. fiquem bravos….. ou desolados…..informamos que não é permitida a presença de crianças menores de 14 anos, uma vez que nosso espaço não está adaptado para recebê-las. Não é permitida, ainda, a presença de animais domésticos de qualquer espécie, por questões de higiene sanitária”, informava o post.

Algumas pessoas acusaram o estabelecimento de preconceito e de excluir as crianças e, consequentemente, as mães. A polêmica ganhou destaque, especialmente em sites e publicações sobre maternidade. Uma matéria chegou a afirmar que o local comparava crianças “a cachorros e macacos”.

O post foi tirado do ar, assim como a página do projeto no Facebook e alguns textos acerca da polêmica.

Patrícia Bittencourt, criadora do Brunch Cantareia, afirmou ao UOL que o local é sua casa e que ela e o marido faziam os encontros uma vez por mês. “Não tenho e nunca tive um restaurante”, afirmou.

Ela diz que tomou a precaução de limitar a idade porque o espaço não era adaptado para receber crianças. “Além das inúmeras escadas, muitas sem corrimão, o salão onde o brunch é servido fica a quatro metros de altura, com janelas e parapeitos extremamente baixos”, afirmou, em nota.

As afirmações foram feitas em nota enviada por e-mail. Ela não quis dar entrevista, e disse que foi “citada indevidamente em inúmeras matérias”, que classificou como “inverídicas”.

Restringir acesso não é proibido…

Não há problema em restringir o acesso de crianças, desde que isso seja informado previamente e de forma clara, de acordo com o Procon-SP.

Não há uma lei específica que proíba o estabelecimento de fazer isso, segundo o advogado e professor de Direito Civil Gustavo Milaré Almeida. O que o Estatuto da Criança e do Adolescente determina é que não haja discriminação, mas neste caso, opina ele, trata-se apenas de uma restrição.

Para Gustavo Khloh, professor da FGV Direito Rio, não há problemas já que a restrição busca evitar acidentes. “Alguns brinquedos em parques de diversão, por exemplo, proíbem por questão de segurança”. Outros estabelecimentos, como casas noturnas, boates e motéis, devem fazer as limitações por serem inapropriados para menores.

… mas pode prejudicar imagem da empresa

Esse tipo de restrição não é tão comum no Brasil, mas já é aceito em outros países, como EUA, Austrália e França, segundo Almeida. “No Brasil, por uma questão cultural, não há esse costume de não levar as crianças e, por isso, é tão criticado.”

Por não ser habitual, Almeida afirma que a empresa que opta por esse tipo de restrição pode acabar tendo sua imagem prejudicada. “A pessoa física vai sofrer rejeição e o estabelecimento também, além de ficar com uma imagem ruim para o negócio. Juridicamente não existe vedação legal, mas é malvisto.”

A melhor saída para a empresa que não quer receber crianças, mas também não quer ficar com uma imagem ruim é usar uma estratégia para condicionar o comportamento, como dar descontos aos consumidores que adotarem o tipo de conduta esperada, diz Gustavo Khloh, professor da FGV Direito Rio. Por exemplo: dar desconto a casais que forem sem crianças.

Projeto de lei

Há um projeto de lei (PL 2004/2015) do deputado federal Mário Heringer (PDT/MG) tramitando na Câmara dos Deputados que pretende transformar em prática abusiva o impedimento de acesso ou a recusa de atendimento de crianças ou adolescentes em estabelecimentos comerciais.

Fonte: UOL

Artigo anteriorHomem é preso por porte ilegal de arma de fogo na Zona Sul de Manaus
Próximo artigoAtalaia do Norte no AM terá seis vereadores indígenas, em 2017

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui