
A erosão e o assoreamento dos rios estão prejudicando mais de 5 mil ribeirinhos da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, a cerca de 600 quilômetros de Manaus. O número representa cerca de metade da população localizada nesta região amazônica que é banhada pelos rios Amazonas e Japurá.
A informação consta no estudo liderado pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, em colaboração com as universidades de Brasília (UnB), do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa) e de Toulouse, na França, publicado na revista científica “Communications Earth & Environment”.
A erosão (localmente conhecida como “terras caídas”) está relacionada à remoção de sedimentos por desgaste causado pelas variações no nível da água ao longo do ano – na região estudada, a diferença pode chegar a 11 metros. Já o assoreamento se refere à deposição de sedimentos no leito e nas margens do rio, o que pode alterar seu curso, formando praias. Enquanto terras caídas destroem construções e territórios, a criação de obstáculos para acesso da população ao rio em áreas de formação de grandes praias dificulta a locomoção e o acesso a serviços e alimentos.
Para o pesquisador André Zumak, do Instituto Mamirauá, as condições da região analisada podem impactar na qualidade de vida dos povos tradicionais da região. Além de ficarem isolados devido à baixa do nível dos rios, eles podem sofrer com insegurança alimentar devido aos reflexos das mudanças no solo na produção agropecuária e na pesca, por exemplo.