Rios do Amazonas no céu do Brasil – por Professor José Melo

Árvores que transpiram? Parece coisa de desenho animado né? Mas é real! - foto: assessoria/água sustentável

Amigos, Amigas, hoje vamos falar sobre os chamados Rios Voadores, Rios do Amazonas que navegam nos Céus do Brasil, a umidade evaporada da floresta que leva chuva para o Centro-Oeste, Sul e Sudeste do Brasil.


Quando se diz que o Amazonas é abençoado por Deus, é porque é mesmo!

Muito se tem falado, no mundo científico, sobre a floresta e seu potencial hídrico e a interligação entre água e floresta. É uma relação vital. Elas contribuem significativamente para manutenção e equilíbrio da temperatura, umidade do ar e regime de chuvas através do processo da ‘evapotranspiração’, visto que aproximadamente 60% das águas das chuvas são devolvidas à atmosfera através deste processo.

E, como a água chega, sob forma de chuvas, nas várias partes do nosso País? – Muitos também perguntam, de onde vem tanta água? – Como é que a umidade que vem do Oceano pode alimentar de água doce os nossos rios?

A resposta está no mapa abaixo: os chamados fenômenos dos Rios Voadores, que são “cursos de água atmosféricos”, formados por massas de ar carregadas de imensa quantidade de vapor d’água, invisíveis, que passam pelo alto das nossas cabeças, carregando umidade da Bacia Amazônica para o Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil.

Ou seja, de forma mais simples, podemos dizer que a nossa Região é uma ‘bomba d’água’, que lança nos rios aéreos do Brasil uma quantidade equivalente as águas do rio Amazonas (200.000 m3 / por segundo).

Estudos promovidos pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) mostram que uma árvore com copa de 10 metros de diâmetro é capaz de bombear para a atmosfera mais de 300 litros de água, em forma de vapor, em um único dia, ou seja, mais que o dobro da água que um brasileiro usa diariamente.

Da mesma forma, uma árvore maior, com copa de 20 metros de diâmetro, por exemplo, pode evapotranspirar bem mais de 1.000 litros por dia. Estima-se que haja 600 bilhões de árvores na Amazônia. Imagine então quanta água a floresta toda está bombeando a cada 24 horas para os Céus do Brasil.

Dívida ainda não reconhecida

Fica a questão: quanto o Brasil nos deve por alimentarmos de água doce os mananciais do Centro-Oeste, Sul e Sudeste com a umidade que sai da nossa floresta e provoca chuvas em todas as regiões?

O certo é que todas as previsões indicam alterações importantes no clima em decorrência da substituição de florestas por agricultura ou pastos. Todas as atividades econômicas dessas regiões, – agronegócio, indústria, serviços – dependem da água que emana da nossa floresta e, claro, do que ainda resta de floresta nos Estados da Amazônia Brasileira.

Presente?

Ainda tem autoridade que diz que a Zona França de Manaus é presente do Brasil para os amazonenses. Não, não é um presente, é uma retribuição ou, se assim podemos dizer, poderia até ser um pagamento de royalties!

A Zona Franca de Manaus (ZFM) é o modelo de desenvolvimento mais brasileiro que já se implantou no país, pois, é exportadora líquida de receita para a União, adquire grande parte dos seus insumos no resto do Brasil, contribui para o equilíbrio da balança comercial, gera empregos em Manaus e no resto do País.

Além do mais, financia a Universidade Estadual do Amazonas -UEA, o CETAM e os fundos estaduais de desenvolvimento. E, é claro, sustenta a nossa economia atual.

Mas, não é uma esmola ou um presente, é um modelo nacional de desenvolvimento.

Presente será quando o Brasil reconhecer o papel da nossa floresta e criar as políticas públicas capazes de permitir a exploração sustentável das nossas imensas e importantes riquezas. É hora de analisarem melhor os serviços ambientais prestados pela floresta amazônica.

Reconhecer, de uma vez por toda, que o Estado do Amazonas é a Joia da Coroa!

Ex-governador do Amazonas, José Melo – foto: assessoria

Professor José Melo

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