Rodoviários do Rio fazem paralisação de ônibus

Funcionários de pelo menos quatro empresas já cruzaram os braços/Foto: Estefan Radovicz / Agência O Dia

A greve dos rodoviários deflagrada na madrugada desta segunda-feira (11) atinge toda a cidade do Rio, prejudicando a circulação de linhas convencionais e dos corredores do BRT.


Na parte da manhã, muitos pontos em todas as regiões do Rio estavam superlotados, e alguns ônibus foram depredados por grevistas.

Em uma das ações, manifestantes pararam um veículo e fizeram o motorista entregar chaves. Em outro caso, o espelho retrovisor de ônibus foi arrancado na Avenida Brasil. No terminal de ônibus de Campo Grande, na Zona Oeste, um veículo ficou parado após ser atacado e ter o para-brisa quebrado.

Alguns ônibus circulam na Avenida Presidente Vargas nesta segunda-feira (11) (Foto: Edivaldo Dondossola/ TV Globo)

Vídeos nas redes sociais mostraram ainda um homem quebrando o vidro traseiro de um ônibus com uma barra de ferro e outro grevista quase foi atropelado ao tentar impedir a passagem.

Também foram registrados piquetes de rodoviários nas portas das empresas.

Reunião de negociação com prefeitura, sindicato e Rio Ônibus

No final da manhã, o prefeito Marcelo Crivella mediou uma reunião de negociação entre os rodoviários e a Rio Ônibus. Ao final do encontro, a prefeitura confirmou a proposta de aumento salarial e vale refeição para os rodoviários. A categoria vai levar proposta para assembleia.

Participaram da reunião o presidente do Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus do Rio (Sintraturb), Sebastião José; o secretário de Transportes, Diogenes Dantas; o secretário de Ordem Pública, Paulo Amendola; e o presidente da Rio Ônibus, Cláudio Callak; além de procuradores municipais. A reunião, no gabinete do prefeito, durou mais de quatro horas.

Prefeito Crivella conduz reunião entre grevistas e patrões (Foto: Alba Valéria Mendonça/G1)

Às 9h15, pelo menos seis empresas estavam paradas: Ideal, Três Amigos, Paranapuan, Real, Redentor e Barra, segundo o Sintraturb. Nelas trabalham 8 mil rodoviários, que atendem bairros das zonas Norte, Sul e Oeste do Rio.

Por volta das 7h, o pátio da garagem da Viação Real, que fica na Avenida Brasil, estava cheio de ônibus, e havia reforço no policiamento. A empresa atende muitos passageiros na Zona Norte da cidade.

Com a greve, linhas deixaram de passar, ou os ônibus, de tão cheios, não paravam nos pontos. Na Rodoviária Novo Rio, tinha gente esperando quase duas horas por um ônibus.

A vendedora Natália Moreira, que mora na Zona Portuária, estava desde as 8h tentando pegar o Troncal 6, que normalmente tem quatro ônibus no ponto. O ônibus só chegou às 10h.

“Cheguei cedo, mas não tem ônibus. Já liguei pra minha chefe e avisei, pois tinha que estar no trabalho às 9h30. Podia tentar pegar um ônibus no Centro, mas não sei se tem ônibus por lá. Na fila disseram que tem um monte de linhas que não estão circulando. Fiquei com medo. Prefiro esperar”, disse Natalia.

Rose dos Santos, que também esperava o Troncal 6 para ir para o Catumbi, estava voltando para casa.

Cerca de 150 ônibus estavam parados na garagem da empresa Real na manhã desta segunda (11) (Foto: Reprodução / TV Globo)

Entenda o movimento de paralisação

O movimento de paralisação dos rodoviários do Rio de Janeiro foi deflagrado nesta segunda-feira (11) a partir de uma lista de reivindicações apresentada pelo sindicato que representa os rodoviários.

Veja a lista:

reajuste de 10% nos salários
plano de saúde
retorno da data-base para 1º de março
vale-alimentação de R$ 409,50
vale-refeição de R$ 480
fim da dupla função (motorista trabalhar como cobrador)
suspensão das multas e da pontuação com maior prazo para recursos
pagamento de atrasados
Em nota, o sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus do Rio (Sintraturb), Sebastião José chamou de “ridícula” a proposta patronal.

“Depois de dois anos sem reajuste para a categoria, a proposta de 4%, sendo 2% em junho e mais 2% em novembro, é no mínimo ridícula”.

Uma assembleia-geral foi realizada semana passada, com 350 profissionais da categoria. A direção do sindicato informou que recebeu ofício encaminhado pelo Rio Ônibus, o sindicato das empresas de ônibus, em que era garantido que, diante do reajuste da passagem concedido pela prefeitura (de R$ 3,60 para R$ 3,95), seria possível discutir o aumento de salários e pagamento dos atrasados.

Sebastião José, presidente do Sintraturb (Foto: Reprodução/ TV Globo)

“Infelizmente, são os usuários que vão pagar o preço da irresponsabilidade dos empresários. A categoria vive hoje um estado de escravidão, onde muitos profissionais trabalham mais de 16 horas por dia. Isso sem contar que, com o fechamento até agora de oito empresas, mais de 6 mil pais de família estão sem saber o que fazer. Essa situação precisa ter um fim”, argumentou Sebastião.

Ainda de acordo com o presidente da categoria, além de reajuste salarial, as reivindicações incluem melhorias nas condições de trabalho. “Estamos há 2 anos sem reajuste de salário; motorista está passando fome no volante e sem plano de saúde; e, principalmente, o descaso do prefeito, que fez acordo de aumento de tarifa com os empresários e sequer tocou no assunto de regulamentar a própria lei que ele sancionou para que voltem os cobradores”.

Em nota, o Rio Ônibus disse que “continua disposto a avançar nas negociações e já encaminhou ao sindicato dos rodoviários sugestão de novo agendamento de reunião para tentar solucionar o impasse o quanto antes”.

Paralisação no BRT

Os corredores expressos também foram afetados pelo movimento grevista. De acordo com Suzy Balloussier, diretora de Relações Institucionais do BRT, os serviços operam com intervalos irregulares, pois motoristas foram ameaçados. Segundo a concessionária, nove articulados foram alvo de vandalismo.

A Transolímpica chegou a ser paralisada por conta de uma manifestação dos rodoviários. No corredor Transcarioca, alguns ônibus foram algo de vandalismo na altura da estação Maré. No corredor Transoeste, nenhum incidente aconteceu, mas o movimento é irregular.

Acesso a estação de trem de Madureira fica lotada devido a greve dos Rodoviários (Foto: Reprodução/Redes Sociais)

Paralisação na Zona Norte

Ônibus das empresas Ideal e Paranapuan, que atendem a região, não estão circulando. Vans e carros particulares estão fazendo lotadas. Como mostrou o Bom Dia Rio, motoristas cobravam até R$ 25 por passageiro e superlotavam seus veículos. Vans também circulavam com gente em pé.

Segundo passageiros, motoristas e cobradores das 17 linhas da empresa Paranapuan estavam circulando com frota reduzida, em situação precária na Ilha do Governador.

Fonte: G1

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