Rússia planeja se ‘desligar’ da internet global para fazer testes de segurança

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A Rússia iniciou nesta terça-feira o processo para se equipar com uma “internet soberana”, capaz de funcionar de forma independente em caso de ruptura do país com os grandes servidores mundiais — e também aumentar o controle sobre a rede. O país cogita ainda se desconectar da internet global temporariamente para testar suas defesas cibernéticas.


Nos últimos anos, as autoridades russas não pararam de estreitar o cerco em torno da internet. Bloquearam conteúdos e páginas da web relacionadas à oposição, assim como serviços que se negam a cooperar com o Estado, como a plataforma de vídeo Dailymotion, a rede social LinkedIn e o aplicativo de mensagens Telegram.

Embora alguns setores temam a instalação de uma internet “ao estilo chinês”, sob controle das autoridades, os defensores do projeto o apresentam como a resposta russa às crescentes ameaças no ciberespaço. O projeto de lei — aprovado nesta terça-feira por 334 a 47 na primeira leitura na Duma, a Câmara baixa do Parlamento — inclui uma série de medidas para garantir o funcionamento do segmento russo de internet e protegê-lo de possíveis ciberataques.

O país projeta realizar até 1º de abril um teste de desconexão de sua rede com a internet global. Segundo a rede britânica BBC, a ideia é que dados publicados e repassados por cidadãos e organizações russos fiquem dentro do país em vez de serem roteados no exterior, de maneira que o sistema soberano do país opere de forma independente.

Outros Estados, sobretudo os europeus, ameaçam sancionar a Rússia por verem ingerência do país em ciberataques e interferências em processos estrangeiros online. Um novo sistema de rede, puramente russo, permitiria que a web continuasse a operar mesmo se houvesse ruptura do atual sistema (DNS) com os servidores localizados pelo mundo.

A BBC destaca que 12 organizações hoje supervisionam os servidores de roteamento para a DNS. Nenhum deles fica na Rússia. Ainda assim, há cópias de livros de endereços da central da rede dentro do país, o que poderia manter de pé o sistema caso haja ruptura.

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Concretamente, o projeto russo prevê uma “infraestrutura que permita assegurar o funcionamento dos recursos de internet russos em caso de impossibilidade de os operadores russos se conectarem a serviços de internet estrangeiros”. Os fornecedores russos de acesso à internet também terão que garantir a aplicação em suas redes dos “meios técnicos” que permitam “controle centralizado de tráfego” para frear possíveis ameaças.

A internet é formada por milhares de redes digitais, nas quais navegam informações e dados diversos. As redes são conectadas pelos pontos de roteador. A proposta russa é justamente internalizar esses pontos de roteador e manter em seu território os dados, sob seu controle. Neste sistema, o governo russo poderia gerir a entrada e a saída de informações do país ou até censurar o que a população pode acessar online. O regulador russo de telecomunicações e meios, Roskomnadzor, deverá fornecer tais meios aos operadores.

Segundo os defensores do projeto de “internet soberana”, trata-se de uma resposta ao “caráter beligerante” da nova estratégia americana em matéria de cibersegurança, adotada em setembro de 2018, que classifica a Rússia como ameaça. O país passa por especial escrutínio das autoridades americanas desde as denúncias de interferência russa nas eleições presidenciais de 2016. Investigação apontou que hackers russos invadiram os servidores democratas, vazaram documentos e favoreceram, assim, a vitória do republicano Donald Trump, que nega conluio.

Fonte: EXTRA

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