Sabedoria – por Flávio Lauria

Flávio Lauria é Administrador de Empresas e Professor Universitário

Qualquer experiência que se tenha com esse Coronavirus, é valiosa. E hoje não vou escrever sobre o vírus especificamente, mas como a faixa etária foi colocada para a absorção do vírus, cabe uma observação. E não é porque um idoso de 99 anos, o ex-integrante da Força Expedicionária Brasileira (FEB) Ermando Piveta recebeu alta do Hospital das Forças Armadas (HFA), na capital federal, após internação por covid-19. Ficou explícito que diferentes relações praticadas durante a vida são críticas, em distintas situações. As estatísticas comprovam que não são só os que têm mais de sessenta anos que estão sujeitos a ficar em estado crítico.


No Oriente prevalece a sabedoria oriental, segundo a qual o idoso é personagem central da cultura e da sociedade. Responsável pela consolidação da família, contribui fortemente para a formação do jovem. Nos países de tradições inexpugnáveis revelou-se imperiosa a ação governamental estabelecendo diretrizes de bem-estar, acesso a serviços de saúde e combate à discriminação de idade. De modo que as pessoas idosas se mantenham como participantes comuns do desenvolvimento e nunca como espectadores na sociedade em que vivem, à qual dedicaram todas ao invés de considerá-los descortinando novas perspetivas. Mas os jovens não são algozes. E sim vítimas de uma civilização impiedosa e esmagadora. Eles, no auge da força, beleza física, esperança e ímpeto, vivem um mundo letífero, arriscado e hostil. Somos um país jovem.

Estima-se cerca de 40 milhões de adolescentes na faixa de 12 a 20 anos, aproximadamente. Ser jovem é um risco calculado. A proteção e a participação dos pais devem ser estabelecidas mais do que nunca para uma juventude saudável, progressista, inteligente e bem-sucedida. Demorei muito tempo para ter a certeza de que a paz de espírito não tem preço e que a felicidade plena nada tem a ver com vícios e/ou riquezas. O maior patrimônio que o homem constrói na vida é, sem nenhuma dúvida, o equilíbrio. Sem o equilíbrio pouco ou nada o homem fará na vida. Uma vida equilibrada pode surpreender até os mais céticos quando conseguem chegar a esse estágio. da proposta dos relacionamentos.

Os casais se apaixonam e desapaixonam diversas vezes durante o relacionamento, pois se apaixonados ficassem muito tempo, enlouqueceriam devido à cumplicidade. Esses moços de hoje em dia, possuem visão imediatista, e acabam desperdiçando ótimas oportunidades de construir alicerces para uma vida feliz. Se pudesse voltar ao tempo, priorizaria infinitamente a busca do equilíbrio a qualquer outra coisa. Queria eu ter lido e escrito essas linhas quando nos meus tempos de moço. E lembrem moços, essa onda que veio para dizimar alguns seres humanos não escolheu só os mais idosos e mais experientes, mas talvez, aqueles céticos quanto ao mundo que vivemos arriscado e hostil.

Na sociedade ideal, evocada por Simone de Beauvoir, não existiria velhice. Esta seria uma fase da existência diferente da juventude e da maturidade, dotada de equilíbrio próprio ofertando uma ampla gama de possibilidades. No Ocidente, a juventude é superestimada em vários sentidos. Em determinados casos, o jovem não encontra respaldo em si para a solução dos grandes problemas da vida, pois seu ego não está perfeitamente estruturado. Às vezes, indo buscar nas drogas o auxílio ilícito para sua existência. Os conhecimentos são imensuráveis, frutos de prodigiosa imaginação. Expurgam costumes e conceitos. Contestam os pais, combatem a família. Quiseram criar um mundo próprio, fanático, com regras especiais. Mas tudo isso é para contestar que mesmo com o organismo mais debilitado não são apenas os idosos que estão expostos a essa pandemia, todos estão.

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