Sanção dos EUA é uma ´agressão miserável e infame´, diz vice-presidente da Venezuela

Vice-presidente da Venezuela Terek Aissami/Foto: AFP

O vice-presidente da Venezuela, Tarek El Aissami, rejeitou hoje, terça-feira (14), as acusações e sanções dos Estados Unidos (EUA)  contra ele por tráfico internacional de drogas, classificando-as de “agressão miserável e infame” e pondo fim à trégua que o governo de Nicolás Maduro deu ao presidente americano, Donald Trump, conforme informou a Agência France-Presse (AFP).
“Pessoalmente, recebo esta miserável e infame agressão como um reconhecimento da minha condição de revolucionário anti-imperialista. Venceremos”, escreveu El Aissami no Twitter, respondendo ao anúncio do congelamento dos bens que possa ter em território americano. O empresário José Lopez Bello, acusado de lavar o dinheiro do tráfico de El Aissami, também foi alvo de sanções e proibido de fazer negócios com qualquer cidadão ou empresa americana.


O Departamento do Tesouro dos EUA acusa Aissami de facilitar, proteger e monitorar carregamentos de drogas da Venezuela para o México e os Estados Unidos, enquanto foi ministro do Interior (2008-2012) e governador do estado de Aragua (2012-2017).

Vice-presidente da Venezuela Terek Aissami/Foto: AFP

Aissami considera a acusação um ataque ao governo de Maduro, cuja popularidade está abalada por uma grave crise, com escassez de alimentos e medicamentos e uma inflação projetada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) em 1.660% para 2017.

“Essas provocações miseráveis não devem nos distrair da nossa principal tarefa, que é acompanhar Nicolas Maduro na recuperação econômica”, acrescentou El Aissami.

As autoridades americanas dizem que as sanções “são resultado de anos de investigação” e não estão vinculadas à nomeação de El Aissami à vice-presidência. Segundo o Departamento do Tesouro dos EUA, El Aissami teria recebido pagamentos do narcotraficante venezuelano Walid Makled e teria ligações com o violento cartel mexicano Los Zetas.

Compasso de espera

Até agora, Maduro havia voltado suas baterias contra Barack Obama, cujo governo declarou a Venezuela uma ameaça para a segurança dos EUA e decretou sanções contra sete funcionários venezuelanos, os quais são impedidos de voltar àquele país. Maduro tem tratado com cautela o governo Trump, de quem chegou a dizer ser vítima de uma “campanha de ódio”. No entanto, Maduro decidiu entrar em compasso de espera.

Trump, por sua vez, referiu-se tangencialmente à Venezuela em sua campanha eleitoral, advertindo que se não fosse eleito, a Suprema Corte poderia transformar os Estados Unidos em algo parecido com o país sul-americano. Mas, segundo a Casa Branca, na segunda-feira (13), Trump expressou ao presidente colombiano, Juan Manuel Santos, em um telefonema, sua preocupação com a crise venezuelana.

O secretário-executivo da opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD), Jesús Torrealba, advertiu que o caso El Aissami “poderia comprometer as relações” com “o único país que paga cash (em dinheiro) à Venezuela pelo petróleo. Agora dirão que o Departamento do Tesouro dos EUA plantou (produziu provas falsas), como eles plantam nos opositores, para fazê-los apodrecer nas prisões do regime”, afirmou o ex-presidente do Parlamento, o opositor Henry Ramos.

Lista negra

El Aissami, um advogado de 42 anos, foi nomeado vice-presidente em 4 de janeiro, após uma ascensão meteórica nas fileiras do chavismo – onde começou como líder estudantil -, e uma notória presença midiática no último ano, sempre ao lado de Maduro.

O presidente lhe passou várias de suas atribuições, como expropriar bens e nomear vice-ministros, e o nomeou chefe do chamado “comando antigolpe”, responsável pela recente detenção de meia dúzia de adversários do governo.

Maduro assegurou que as acusações recentes dos EUA são “ataques do imperialismo” para desestabilizar a “revolução bolivariana”, fundada pelo falecido líder Hugo Chávez (1999-2013). O deputado governista Pedro Carreño declarou à AFP que os Estados Unidos buscam, com a acusação contra El Aissami, “uma vez mais satanizar, estigmatizar e criminalizar a revolução”.(Agência Brasil/AFP)

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